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PVC na Copa

O sorriso de Felipão

Felipão apareceu de surpresa no lobby do hotel às 10h40 de ontem. Sentou-se. Um único jornalista aproximou-se para conversar sobre o número de faltas cometidas pelo Brasil, recordista nessa estatística na competição.

Ele respondia calmamente: "Se você pegar os números de Portugal antes de minha chegada e comparar com meu tempo, verá que aos poucos isso foi diminuindo", disse.

Parreira estava em pé, ao lado da recepção. Também se aproximou. Em minutos, os dois estavam rodeados por cinco, depois dez repórteres. Quando Parreira disse a Felipão que era hora do almoço, às 12h10, a resenha já durava uma hora e meia.

Só quem cobriu a seleção até a Copa do México, em 1986, se lembra de situações como a de ontem. Ou quem conviveu com Telê Santana.

Nos últimos tempos no São Paulo, as entrevistas coletivas ainda aconteciam à margem do campo, a imprensa rodeando o treinador.

Telê era rabugento enquanto estava cercado por um batalhão. Os mais pacientes esperavam a dispersão e se davam bem. Telê se animava, contava histórias, dava notícias, falava de futebol com entusiasmo cativante.

Felipão é parecido. Quando fala sobre futebol, seus olhos brilham. Fala sobre Cuca, que o visitou na segunda-feira. O técnico do Atlético foi seu jogador no Juventude. Quando Felipão foi para o Grêmio pela primeira vez, em 1987, levou-o junto. "Cuca foi o melhor meia que eu dirigi. Era rápido, alto e era mau!"

Claro que não foi. Mas Felipão é assim. Seu discurso não tem compromisso com a exatidão, mas com o coração. Diz o que sente, às vezes mais do que aquilo que pensa.

Argumento: "Você dirigiu Figo, Cristiano Ronaldo, Kaká, Ronaldinho Gaúcho... O Cuca?" Resposta: "Bah, o Figo e o Cristiano são pontas. Eu disse meia!".

O brilho dos olhos de Felipão não vai tornar mais fácil o jogo contra o Uruguai. Mas seu viço ajuda a melhorar o trabalho. É evidente a relação de compromisso dos jogadores com o técnico. Em dois anos no Palmeiras, raras vezes teve essa reciprocidade.

Parreira ajuda. Felipão sempre precisou de alguém que lhe recomendasse paciência. É possível que essa alegria se desfaça na derrota.

Sobre o jogo de hoje, a comissão técnica tem duas certezas apenas: 1. a Celeste jogará com três atacantes; 2. a partida será uma pedreira.

Felipão ouve que a seleção progride. Não responde, só balança o corpo e a barriga saliente como quem diz... Está indo aos poucos. E sorri. O sorriso é o melhor sinal de que as coisas podem melhorar.


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