Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Torero na cativa

Em nome dos filhos

O jogo serviu para marcar um tempo em que brasileiros voltaram a se sentir parte da família

Roberto trouxe ao Maracanã o filho Lucca, 6, para mostrar que o país pode dar certo

JOSÉ ROBERTO TORERO ESPECIAL PARA A FOLHA

Brasil x Espanha foi um jogo de pais e filhos. E por muitos motivos. O primeiro e mais óbvio é que havia muitos genitores com seus juniores no Maracanã. Freud diria que reparei nisso porque o meu primeiro filho vai nascer daqui a dois meses. Pode ser.

Em segundo lugar porque, como disse Zico, este Maracanã parece filho daquele em que ele jogava. Mais bonito e menor, como em geral são os filhos. Ao menos no começo.

Em terceiro porque a Copa das Confederações é filha da Copa do Mundo. Filha que finalmente parece ter crescido e se tornado importante.

Nas cadeiras havia até três gerações lado a lado. Por exemplo, Juan Carlos Repucci, 71, trouxe Juan José Reppucci, 41, que trouxe Felipe, 11, e Fernando, 8. Juan José acha que a experiência será inesquecível para os meninos. Foi para ele, que há 30 anos veio ao Maracanã trazido por Juan Carlos. Juan José lembra até hoje daquele Brasil x Alemanha. Ainda mais porque o Brasil venceu.

Enquanto isso, logo aos 2min, acontece o gol de Fred, filho de seu Juá. Seu Juá era garimpeiro e, de certa forma, o gol de Fred também foi uma joia garimpada com suor.

Vejo dois astecas comemorando. Não é exagero, eles estão mesmo vestidos de astecas. Mas numa versão de escola de samba, com plumas e dourados. David Bello, 52, e Jonathan, 31, vieram do México e resolveram se fantasiar para prestar uma homenagem à sua cultura. David sempre levou Jonathan ao estádio, e Jonathan já leva seu pequeno aos jogos do Puebla.

Falando em filhos, aos 44min, Neymar Jr., um filho de ex-jogador que faz questão do jota e do erre na camisa, faz dois a zero.

Roberto Gianini, 44, trouxe Lucca, 6, que apesar da idade já é um veterano em Maracanã. Ele frequenta o estádio desde que tinha um ano, quando o pai o batizou futebolisticamente num jogo do Flamengo.

Roberto trouxe o filho para mostrar que o país pode dar certo. Ele diz que nasceu num país em que a única saída era o aeroporto, mas que agora está melhorando. E aponta o novo Maracanã (que, por sinal, se chama Mario Filho) como prova de seu argumento.

No segundo tempo, ao 1min30, seu Juá, que tinha um blog mais acessado que o de Fred, vibra de novo: 3 a 0.

Manuel Valente, 46, comemora com André, 11, e Luiz Felipe "com zê", 13. O pai de Manuel esteve na final da Copa de 50. Manuel disse que teve muito mais sorte.

Este também foi um jogo de pais e filhos porque serviu para marcar um novo tempo, em que os brasileiros, torcedores e manifestantes voltaram a se sentir parte da família brasileira. Não é à toa que, antes do jogo, a torcida gritou a frase final do hino: "Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada Brasil!".

Foi um jogo de pais e filhos. Mas quem ganhou mesmo foi a mãe gentil.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página