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Tostão

Afirmações e interrogações

Não faz mais sentido analisar a maneira de jogar pelos números nas camisas dos jogadores

Todas as atividades humanas têm seus conceitos, chavões, modismos e vocabulários. As palavras, verbais e escritas, são fundamentais para a compreensão e a propagação do conhecimento.

Nesta semana, um adolescente, apaixonado por futebol, que quer entender, e não apenas torcer, me falou que fica confuso com tantas expressões estranhas e com tantos nomes diferentes para as mesmas coisas. Ele disse que não compreende bem o que é um camisa 10, se é um atacante ou um armador e se ele é sempre o craque do time, pois, toda vez que uma equipe fracassa, escuta que falta um camisa 10.

Coincidentemente, vi, nesses dias, pela televisão, em um evento comercial sobre os camisas 10, Pelé e Rivellino, dois monstros. Usavam a camisa 10, mas jogavam em posições diferentes. Pelé era ponta de lança, artilheiro. Jogava do meio para frente, sem participar da marcação. Já Rivellino era um meia, armador. Atuava de uma intermediária à outra e marcava próximo ao volante, além de organizar as jogadas e de chegar à frente para finalizar.

Gerson, outro monstro, também meia, armador, atuava com a 8. Dirceu Lopes, outro craque, da mesma posição, jogava com a 10. Eu era ponta de lança no Cruzeiro e jogava com a 8. Eu e Dirceu Lopes trocávamos muito de posição ou atuávamos um ao lado do outro.

O Cruzeiro, como muitos times brasileiros, jogava com um volante, dois meias (ou um meia e um ponta de lança), dois pontas e um centroavante. Essa é hoje a tendência mundial. Em vez de atuar com dois volantes (um ao lado do outro) e um meia de ligação, equipes como Barcelona e Bayern atuam com um volante e dois armadores. Vários outros times fazem algo parecido. Um dos volantes avança como meia. O Flamengo joga dessa forma. Elias e Luís Antônio marcam e atacam.

Obviamente, as grandes equipes, do passado e do presente, possuem sistemas táticos iguais apenas na prancheta.

Hoje, os pontas e a maioria dos jogadores atacam e defendem. Uma equipe possui vários sistemas em um único jogo. Por isso, não faz mais sentido analisar a maneira de jogar pelos números.

O mesmo adolescente me disse que não compreende porque falam tanto em falsos 9. Nem eu, já que o centroavante não precisa ser, obrigatoriamente, alto, forte, estático e com a única função de fazer gols. Messi é o centroavante do Barcelona. Não é um falso 9. Hoje, diriam que fui um falso 9 na Copa de 1970. Falariam ainda que Zagallo, nas Copas de 1958 e 1962, e Rivellino, na de 1970, eram falsos 11, pois não eram autênticos pontas.

Para serem conhecidas e entendidas, as pessoas e as coisas precisam ter nomes, identificações, definições, embora a vida e o futebol se passem mais nas indefinições e nas entrelinhas. São as contradições humanas. Somos interrogações.


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