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Operação abafa

Torcida brasileira sufoca cantos argentinos e evita predomínio rival no Maracanã; alemães fazem festa no estádio após o jogo

DO RIO DOS ENVIADOS AO RIO

Os argentinos invadiram Copacabana para a final da Copa-14, mas no Maracanã enfrentaram a contraofensiva dos anfitriões e não conseguiram dominar a trilha sonora das arquibancadas.

Vaias de brasileiros abafaram tentativas de puxar o "hit" argentino: o "Brasil decime que se siente". E houve a resposta no "Mil gols/só Pelé/Maradona cheirador".

Pode-se dizer que havia três torcidas. A menor era a da Alemanha. Brasileiros pouco acompanharam os cantos dos campeões. Mas foram eficazes no "abafa" aos argentinos, que estavam em bom número no estádio.

A disputa entre o hino de provocação argentino e as vaias brasileiras teve ao menos cinco rounds. Minutos antes do início do jogo, a briga verbal chegou a atingir 106 decibéis, conforme medição da Folha --ruído superior ao de uma britadeira (100 dB).

Os brasileiros se animaram e engataram duas vezes o grito de "Mil gols/só Pelé", com a ofensa a Maradona no fim.

Os desafios motivaram discussões entre brasileiros e argentinos. Houve focos de brigas após o gol anulado de Higuaín no primeiro tempo e seguranças retiraram brigões. Os conflitos na arena, contudo, foram menos graves do que no jogo Argentina x Bósnia, também no Maracanã.

Os argentinos animaram o time por alguns momentos com outras canções: "Volveremos otra vez/volveremos a ser campeones/como en 86".

Se em campo a Alemanha superou a Argentina por 1 a 0, na potência do grito de gol a diferença foi um maior. Enquanto o tento anulado de Higuaín registrou 110 dB, o gol do título marcou 111,4 dB --a exposição a tal nível de ruído por mais de dez minutos é vetada ao trabalhador no país.

Com público de 74.738, foi a segunda vez que o Maracanã ficou lotado nesta Copa --a primeira foi no jogo entre Argentina e Bósnia.

Somadas as 64 partidas, o Mundial teve 3.429.873 pessoas nos estádios, média de 53.591 por jogo. Apenas a Copa de 1994 teve média superior: 68.991 espectadores.

Mais de uma hora após a Alemanha levantar a taça, cerca de 400 torcedores ficaram no estádio festejando. E dois jogadores voltaram ao gramado para comemorar.

Os alemães cantaram suas músicas da Copa, entre elas "Rio de Janeiro", que entoaram por todo o torneio em referência à sede da final.

O zagueiro Grosskreutz foi o primeiro a reaparecer no gramado. Subiu as escadas que ligam o campo à arquibancada, deu autógrafos e tirou fotos. Podolski entrou brincou de pênaltis com o filho. A torcida comemorava a cada gol e vaiava as defesas do meia, que também foi celebrar com réplica da taça.

Fora do estádio, a torcida alemã se concentraram no Leme. Às 23h, cerca de 1.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, dançavam e cantavam sem parar "Super Deutschland [Alemanha], Super Deutschland!" na praia.

Em forma de agradecimento ao apoio dos brasileiros, os alemães entraram na brincadeira de provocar os argentinos e entoavam em português "Mil gols, mil gols, só Pelé, só Pelé, Maradona cheirador".

"Nós éramos tão poucos no estádio e vocês brasileiros nos ajudaram muito. Nunca poderia imaginar ganhar a Copa no Brasil e com a torcida pra gente", afirmou o engenheiro Mark Reddehase, 26, de Hamburgo. (CRISTINA GRILLO, ÍTALO NOGUEIRA, RAFAEL REIS E LÍGIA MESQUITA)


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