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Racismo e homofobia possuem a mesma natureza, diz pesquisador

DE SÃO PAULO

Para Wagner Xavier de Camargo, 40, pesquisador na área de sexualidades dissonantes no esporte na Universidade Federal de São Carlos, a diferenciação feita por alguns entre ofensas racistas e homofóbicas em estádios não passa de senso comum.

Por trás do argumento de que os gritos de "bicha" são brincadeiras, diferentes dos gritos de "macaco" dirigidos a atletas negros, há o temor da ameaça que as identidades LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) põem à "masculinidade hegemônica" no futebol, segundo ele.

"Colocar a homofobia como cômica é jogar a homossexualidade no registro da ficção, para não precisar lidar com sua existência. Negando que há atletas gays, tenta-se ignorar as possibilidades alternativas de existência que eles colocam ao universo segregador de gênero que é o esporte, onde o masculino está no topo da hierarquia", diz o pesquisador, que é pós-doutorando da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Camargo afirma que as ofensas racistas e homofóbicas têm a mesma natureza na medida em que discriminam identidades distintas dos padrões valorizados socialmente: o negro pelo branco e o gay pelo heterossexual.

Nesse sentido, para ele, os torcedores que forem flagrados proferindo gritos homofóbicos devem responder com o mesmo rigor que nos casos recentes de racismo.

Para o pesquisador, mesmo que restrito ao tratar especificamente do grito de "bicha" nos tiros de meta do goleiro rival, o manifesto publicado pelo Corinthians pode gerar um "efeito dominó" no combate à homofobia.

"O manifesto é inédito. No ano passado, quando o Emerson deu o selinho no amigo, alguns achavam que a discussão dissiparia. Hoje, parece que ela vai estilhaçar para todos os cantos: começa no grito de bicha' e então pode alcançar uma discussão séria sobre a sexualidade dos jogadores", afirma. (Guilherme Seto)


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