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Um louco do bando

ANTONIO PRATA

Vai, Curintcha!

Se a torcida fizer metade do que aprontou no caminho, o time pode até tremer de frio, mas não vai tremer de medo

Como sabem os interessados em antiguidade clássica -e os leitores de Asterix-, quando um legionário romano topava com outro perambulando pelos confins do Império, levantava a mão e, solene, saldava-o: "Ave, César!". Já os soldados da legião corintiana, ao cruzarem-se por aeroportos, aviões, trens ou cidades desconhecidas nas quais têm pisado nos últimos dias, a caminho do Japão, congratulam-se com o não tão solene, porém bem mais elegante: "Vai, Curintcha!".

Minha epopeia de 30 horas entre a Terra da Garoa e a Terra do Sol nascente incluiu hino na sala de embarque, "Timão e ô" na decolagem, "poropopó" sobre o Pacífico e "ô, ô, ô, ô, todo-poderoso Timão!" na aterrissagem, mas "Vai, Curintcha!", ao que parece, é imbatível: é a assinatura que entrará para a história, quando algum Gibbon escrever a "Ascensão e glória do império corintiano" ou, quem sabe, sonhando um pouquinho mais alto, no dia em que for publicado o "Asterix na Fiel".

O que relatei no parágrafo acima aconteceu no voo SP-Tóquio, via Dallas, mas conforme apurei por aí a euforia era a mesma entre os torcedores que circundaram o globo parando em Miami, Dubai, Frankfurt, Istambul, Adelaide ou Paris. Isso para falar só dos que foram de avião, pois neste movimento migratório que um observador isento, o sociólogo José Carlos A. Kfouri, da USP, chamou de "o maior deslocamento internacional já ocorrido em épocas de paz", há gente viajando das mais variadas formas: de Kombi e Mobilete, via Dutra, Canadá e estreito de Bering; de balsa, caiaque e pedalinho, sentido São Vicente, via estreito de Magalhães; de balão e ultraleve, saindo do pico do Jaraguá -e, embora o governo são-paulino, perdão, paulistano, não divulgue, é sabido que logo após a final da Libertadores um tatuzão foi roubado das obras do metrô, o que confirma os rumores de que uma boa parcela dos seguidores do Timão resolveu ir ao Japão pelo caminho mais curto: por dentro, partindo de um buraco na obra do Itaquerão e indo sempre reto -tomando só o cuidado de dar uma desviada ali nas proximidades do núcleo, claro, pra não esquentar as Brahmas que a Antártica gentilmente nos cedeu.

Bom, se a legião chegará de Zeppelin, rolimã ou tatuzão, não importa: importa é que, se essa torcida fizer hoje em Toyota metade do que aprontou no caminho, o time pode até tremer de frio, mas não vai tremer de medo.

Como diria Asterix: "Alea jacta est" -a sorte está lançada. E como vêm dizendo os 20 mil loucos, do Oiapoque ao Chuí, da Patagônia ao Alasca, passando por Guarulhos, Dallas, Nagoya e adjacências: "Vai, Curintcha!"


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