Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Fanático profissional

Presidente do Palmeiras, Paulo Nobre tenta conter lado torcedor para reerguer o clube

FABIO LEITE DE SÃO PAULO

Avisem os ex-presidentes do Palmeiras Carlos Facchina, Mustafá Contursi, Affonso Della Monica, Luiz Gonzaga Belluzzo e Arnaldo Tirone: o novo mandatário do clube não fala italiano e prefere sushi a macarrão.

O descendente de portugueses Paulo Nobre rompeu na eleição da última segunda-feira uma hegemonia de cartolas da colônia que fundou o Palestra Itália.

Aos 44 anos, o presidente palmeirense mais novo desde 1932 prometeu profissionalizar a administração e acabar com a "ópera bufa" (drama cômico) que marcou as últimas gestões do clube.

"Quero trazer minha experiência profissional para dentro do clube", diz o advogado formado na PUC-SP, que enriqueceu negociando ações no mercado financeiro.

Solteiro e sem filhos, ele é acionista do banco Itaú e, em 2012, adquiriu 1.639.899 ações da Telebras, o que rendeu participação relevante na empresa do governo federal.

O primeiro ato de Nobre no comando do clube foi a contratação de José Carlos Brunoro, o homem forte do futebol na vitoriosa parceria do Palmeiras com a Parmalat, que durou de 1992 a 2000.

Ele será o diretor-executivo, cargo que aparece abaixo apenas do presidente na nova hierarquia. Vai comandar tudo, menos o setor financeiro, que será tocado por um profissional de um banco.

Além do discurso do profissionalismo, a volta de Brunoro mexe com o sentimento saudosista de Nobre. Ele agradece ao dirigente pelo fim do jejum de títulos que marcou sua juventude.

"Que palmeirense não se lembra daquele 12 de junho de 1993?", indaga o cartola, que tem em seu sítio na Granja Viana (SP) um pôster do ídolo Evair, herói do título paulista sobre o Corinthians.

"Se somar Pelé e Maradona, não dá meio Evair. Foi o melhor de todos os tempos", afirma o novo presidente, que leva a camisa 9 do ex-centroavante a todas as finais que o Palmeiras disputa.

INFERNO VERDE

A situação encontrada pelo cartola no Palmeiras lembra o início de sua militância fanática, nos anos 80.

"Vim da arquibancada", orgulha-se. "Era de uma torcida chamada Inferno Verde."

Ele se tornou sócio do Palmeiras em 1983, quando recebeu a ficha de filiação das mãos de Marco Polo Del Nero, atual presidente da Federação Paulista de Futebol e vice da CBF. O cartola é conselheiro do clube e pai de uma colega de escola de Nobre.

Trinta anos depois, Nobre bateu nesta semana à porta de Del Nero pedindo ajuda para tirar o clube da crise -a dívida supera os R$ 200 milhões- e recolocar o time na elite do futebol nacional -caiu para a Série B em 2012.

Não fosse a difícil situação que o Palmeiras atravessa, talvez o sonho de Nobre de se tornar presidente do clube fosse adiado novamente.

Em 2011, ele perdeu para Arnaldo Tirone, que desistiu de tentar a reeleição após a queda para a Série B.

Nobre é de uma pequena corrente política, a Verdes Escuros, criada há cerca de dez anos. Por isso, teve de pedir ajuda aos aliados de Mustafá Contursi para conseguir derrotar Décio Perin no pleito.

Nobre diz que o desafio é conter seu lado torcedor, que leva até para seu hobby -participa de ralis e tem um pequeno circuito em seu sítio.

Desde 2000, corre pela equipe "Palmeirinha Rally", cujo símbolo é um porquinho. O nome Palmeirinha -que virou seu apelido- vem do primeiro time que ele montou, em 1975, com os amigos da Granja Viana, em São Paulo. As peladas ainda acontecem em seu sítio, todas as segundas-feiras.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página