Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - MPB

Caetano estreia show afetuoso de "Abraçaço"

Força da apresentação está no conjunto harmonioso formado por canções recentes e composições dos anos 1970

MARCO AURÉLIO CANÔNICO DO RIO

É no palco que se mede o quanto um álbum funciona, e Caetano Veloso viu anteontem, ao estrear sua turnê, no Circo Voador, no Rio, que o público aceitou seu "Abraçaço".

A força do novo show, no entanto, está menos nas canções recentes e mais no conjunto harmonioso que elas formam quando se unem ao passado do baiano.

Há homenagens variadas: a suas irmãs Nicinha ("Alguém Cantando") e Bethânia ("Reconvexo"), ao poeta Gregório de Matos ("Triste Bahia"), a Carlos Marighella.

A deferência a este, em "Um Comunista", abre o bloco da tristeza, que tem ainda "Estou Triste" -que destaca a guitarra de Pedro Sá, melancólica- e "Triste Bahia".

Esta, completando o trabalho de resgate de "Transa" (1972) que Caetano vem fazendo com a banda Cê, é um dos grandes momentos do show.

Construída em camadas, a canção é um crescendo constante, no qual se misturam o berimbau da capoeira (bem emulado pelo baixo de Dias Gomes), afoxé (ponto para Pedro Sá) e cantigas populares. Por si só, já vale um registro ao vivo.

Caetano explicita as ligações entre sua obra dos anos 70 e "Abraçaço" com duas boas dobradinhas, em sequência: "Escapulário" (de "Joia", 1975) vem colada a "Funk Melódico", e "Alguém Cantando" (de "Bicho", 1977) faz par com "Quero Ser Justo".

É nesta segunda metade que o show engrena de fato, e a sequência que antecede a saída para o bis é tão boa que a festa podia acabar ali.

Ela começa com "Alexandre", na qual a bateria de Marcelo Callado faz o papel de uma percussão inteira e Pedro Sá mostra a guitarrada que leva à faixa seguinte, a paraense "O Império da Lei".

A surpresa com as inclusões das ótimas (e populares) "Reconvexo" e "Você Não Entende Nada" é arrebatadora.

Nesta última, o público completa o refrão ("E quero que você venha comigo") como Chico Buarque fazia na dobradinha com sua "Cotidiano" ("todo dia, todo dia"), no disco ao vivo da dupla; Caetano fica maravilhado.

Depois disso, é uma ducha de água fria o bis ser aberto com "Vinco", ou "Gayana", dependendo do dia, canções novas e igualmente lentas.

"A Luz de Tieta" e "Outro" até voltam a esquentar a plateia, mas o melhor claramente já havia passado. Caetano ainda deve ajustar melhor a força de seu "Abraçaço", mas já deu para notar que ele é afetuoso e acolhedor.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página