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Ganância move filme cheio de estrelas
Novo de Ridley Scott apresenta homem ingênuo em busca de lucro fácil no tráfico, na fronteira entre México e EUA
'O Conselheiro do Crime' tem roteiro de Cormac McCarthy e Penélope Cruz e Javier Bardem no elenco
O protagonista de "O Conselheiro do Crime", filme de Ridley Scott que estreia hoje nos cinemas, ouve de seu sócio no tráfico: "A ganância é supervalorizada, mas o medo, não". Infelizmente, para ele, o conselho é compreendido tarde demais.
Soberbo e naïf ao mesmo tempo, esse personagem sem nome interpretado por Michael Fassbender ("Shame") é o típico homem comum que se envolve com o crime em busca de dinheiro fácil sem ter a dimensão certa do buraco em que está se metendo.
"Vejo o conselheiro como o herói clássico de uma tragédia, como se ele estivesse destinado ou fadado a isso", diz Fassbender em entrevista a um grupo de jornalistas estrangeiros num hotel em Londres.
O roteiro de estreia de Cormac McCarthy, romancista norte-americano que teve livros adaptados para o cinema (os violentos "A Estrada" e "Onde os Fracos Não Têm Vez"), não dá detalhes sobre o passado do protagonista.
O espectador o conhece em meio a negociações com seu sócio (Javier Bardem) e decidido a pedir a namorada (Penélope Cruz) em casamento.
As cenas em que ele compra e dá o anel de diamante à sua futura mulher são, para Ridley Scott ("O Gladiador"), a metáfora que sintetiza o personagem ganancioso e ignorante sobre as consequências de seus atos.
Enquanto a história de amor se desenrola, a carga de drogas é transportada pelo México em direção a consumidores nos Estados Unidos.
Se a trama de "O Conselheiro do Crime" lembra a série "Breaking Bad", sobre um professor que entra para o tráfico para juntar dinheiro, a fotografia remete ao filme "Traffic" (2000), de Steven Soderbergh, em que a luz pontua os dois lados da fronteira. É como se as narrativas paralelas ocorressem em mundos desconectados.
No México, luz amarelada que reflete no suor dos personagens. Nos EUA, luz azulada e fria para uma tranquilidade aparente.
A tragédia tem início quando o plano dá errado, os mundos se cruzam num caminho sem volta e o conselheiro luta para sobreviver e proteger sua mulher.
Estima-se que, desde 2006, cerca de 50 mil pessoas morreram no México em decorrência da atuação de cartéis do tráfico de drogas. Nos EUA, o número de homicídios relacionados ao tráfico não passa de 6.000.
Scott dá sinais de otimismo sobre a questão. "Ela parece sem solução, mas eles deram um jeito na Colômbia [principal polo do tráfico nos anos 1980]. As pessoas estão com medo e com raiva, o que me parece um começo para resolver essa situação".