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Crítica - Drama

Segmento de Jean-Luc Godard se destaca em experiência 3D

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

A reunião de experiências em 3D que lotou o CineSesc na última sessão de anteontem tinha apenas um nome para justificar tanta ansiedade espalhada na fila que subiu a Augusta: Jean-Luc Godard.

Autor do último segmento, o diretor assina, ao lado do britânico Peter Greenaway e do lusitano Edgar Pêra, o tríptico "3x3D", produção feita com apoio do evento Guimarães "" Capital Europeia da Cultura, no ano passado.

Os três dialogam com ideias comuns ou menos óbvias da história. Exploram tecnologia visual reabilitada em nossa época de espetacularidades.

Greenaway propõe um mergulho sem cortes nos interiores e redondezas do Paço dos Duques de Bragança. Enquanto avança pelos corredores, a sensação tridimensional acumula personagens e textos com que pretende revisitar os pontos de passagem da história portuguesa. Embora atinja instantes de vibração visual, a proposta de Greenaway não vai além da superposição de superfícies.

O curta de Pêra usa o 3D para reconstituir momentos da história do cinema na perspectiva da plateia. O resultado é lúdico, porém dura mais que o necessário.

"Os Três Desastres", de Godard, recusa, como se espera, fio narrativo evidente. Por meio de uma construção equivalente à praticada no monumental "História(s) do Cinema", Godard indaga o sentido dessa ilusão de outra dimensão que se supõe nova, mas que, como demonstra, tem sido um fundamento das artes visuais desde as origens.

No cinema contemporâneo, a perspectiva, a profundidade, os volumes agregam o quê? Em que medida esse a mais de realismo se distingue dos closes genitais pornografia? O quanto tanta virtualidade nos afasta dos objetos e das criaturas enquanto sugere que os torna mais próximos?

Entre indagações, Godard espalha imagens originais e tomadas de empréstimo, que deixam a suspeita: já nas paredes das cavernas não estávamos fazendo 3D? Outras dimensões não ocorrem na sala de cinema ao juntar o que se vê e o que se ouve? Quando alinhamos espaço e tempo não somos transportados para outros infinitos?

O que há, portanto, de novo na inovação tecnológica?


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