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Crítica - Drama

Vencedor em Veneza, filme tem uma cena imóvel de 13 minutos

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tsai Ming-Liang é um dos cineastas mais importantes dos últimos 20 anos, mas ultimamente é bastante contestado. Após "Adeus Dragon Inn", seus filmes têm conquistado um grande número de detratores. Pior: muitos agora torcem o nariz para ele. O veredito: faz sempre o mesmo filme. O que é uma tolice, convenhamos.

Fazer sempre o mesmo filme não é, em si, um pecado. Um dos cineastas mais elogiados atualmente, o sul-coreano Hong Sang Soo ("A Visitante Francesa"), também seria merecedor de tal estigma. Até um clássico incontestável como Howard Hawks já foi elogiado pelo mesmo motivo. O que é traço autoral num diretor, é preguiça estética em outro. Vai entender.

Com "Cães Errantes", vencedor do Grande Prêmio do Júri no último Festival de Veneza, o diretor volta ao estilo que o consagrou, radicalizando-o pela duração ainda maior dos planos e acrescentando uma relação familiar. O sempre solitário e calado Lee Kang Sheng agora é um pai que mora com seus dois filhos em um prédio abandonado.

A família é vítima da crise financeira. O pai trabalha como homem-sanduíche, anunciando um condomínio de luxo. As crianças se lavam em banheiros públicos e vagam pelas ruas. Uma mulher aparece. Seria a oportunidade para compor uma família mais tradicional? O entrosamento rápido entre ela e as crianças indica que sim.

O ápice da radicalização no cinema do diretor é um plano estático com mais de 13 minutos em que o homem e a mulher observam um grande mural (seria a tela de cinema?). Eles mal se mexem, mas revelam em seus rostos um mundo de sentimentos: frustração, esperança, desilusão, raiva, desespero, tristeza, resignação.


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