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Crítica

Exagero é recurso eficaz em exposição dedicada a Kubrick

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

É um exagero, mas funciona muito bem.

A cenografia da retrospectiva Stanley Kubrick, em cartaz no Museu da Imagem e do Som (MIS), recria ambientes de cada um dos principais filmes do diretor americano para acolher cerca de 500 objetos de cena, figurinos, fotos, trechos das películas e documentos, e acaba se tornando tão importante quanto o próprio conteúdo apresentado.

Contudo, essa ousadia não se revela uma contradição, o que muito bem poderia ter acontecido, caso o objeto da mostra não fosse um cineasta totalmente dedicado à sofisticação visual.

Como poucos, Kubrick soube criar atmosferas em seus filmes que se tornavam praticamente independentes do texto e de sua narrativa.

O filme "2001: Uma Odisseia no Espaço" (1968) pode se revelar aí o caso mais emblemático.

A ficção científica possui poucos diálogos, uma história que até hoje rende distintas interpretações, mas é, sem dúvida, uma das mais bem realizadas visões de como poderia ser a vida no espaço. Na história do cinema, poucos filmes usaram os efeitos visuais de forma tão integrada e com credibilidade.

Assim como "2001" é de fato uma imersão no futuro, a sala a ele dedicada no MIS, a mais ampla e generosa, acaba se tornando quase uma extensão do filme.

Com formas curvas e iluminação gélida, como nos ambientes das naves espaciais, a sala tem em seu centro uma réplica do monólito preto, que provoca em "2001" o clima de mistério. Com isso, cria-se o ambiente adequado à exposição dos objetos e documentos da película.

Essa estratégia ocorre com cada um dos clássicos de Kubrick: na instalação de um corredor de hotel para ambientar "O Iluminado" (1980); na recriação da sala de guerra com sua luminária arredondada, de "Dr. Fantástico" (1964); ou na réplica do bar frequentado por Alex em "Laranja Mecânica" (1971), para citar as melhores cenografias da mostra.

Esses cenários funcionam bem como moldura para o mais importante da exposição: a profusão de documentos que atestam a obsessão perfeccionista de Kubrick com todos os detalhes de cada produção.

Entretanto é preciso constatar que o MIS é pequeno para uma mostra tão ambiciosa. Com exceção do espaço dedicado a "2001", as demais salas são um tanto apertadas e o percurso por demais labiríntico, levando alguns visitantes a não encontrar alguns ambientes. Mesmo assim, como nos filmes de Kubrick, a experiência é inesquecível.


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