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Crítica - Drama

Papéis ambíguos impulsionam suspense de 'Amor Bandido'

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Amor Bandido" é o terceiro longa de Jeff Nichols, que se confirma como um dos diretores americanos mais promissores surgidos no século.

Diferentemente do longa que o revelou para a crítica brasileira, "O Abrigo", em que o tom apocalíptico conduzia o espectador a uma estranheza cinematográfica, este novo filme adota um tom clássico para narrar uma trama de aparente simplicidade.

Dois meninos, Ellis e Neckbone, vivem em uma pequena cidade à beira de um rio. Navegando eles encontram Mud (Matthew McConaughey), um homem misterioso que vive num barco encalhado em cima de uma árvore. Quando descobrem que ele foge da polícia e de alguns caçadores de recompensa, os meninos decidem ajudá-lo.

O roteiro escrito pelo próprio Nichols se vale de ganchos um tanto esquemáticos, como a presença de outro homem solitário (Sam Shepard), que descobrimos tratar-se de um ex-atirador de elite. Esse homem obviamente reaparecerá num momento-chave para exercer sua função.

O filme explora ainda algum mistério. A ex-namorada de Mud (Reese Witherspoon) é catalisadora de seus impulsos violentos e por isso aparece numa posição ambígua, assim como o tio de Neckbone (Michael Shannon), homem que muito observa e pouco diz.

São personagens criados para confundir o espectador, que fica sem saber qual será o papel deles na trama, se eles existem para atrapalhar ou não a vida do herói. Isso nos leva a uma leve construção de suspense, que permanece reforçado por olhares e pequenos gestos.

Por outro lado, os pais de Ellis enfrentam uma séria crise no relacionamento, e essa crise é tratada de maneira adulta, sem que se perceba um claro culpado ou algum ato de vilania entre eles. Discutem como um casal comum, com problemas e situações mal entendidas.

Localizado num limite perigoso entre o comercialismo e a independência, o filme ainda deixa transparecer ambiguidade, o que o torna uma bela raridade dentro do cinema americano recente.


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