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Exposição revê leveza de Frida Baranek

Maior mostra da artista carioca no Brasil, 'Confrontos' apresenta obras que parecem desafiar as leis da gravidade

Esculturas da expoente da Geração 80 mesclam força e delicadeza, segundo a curadora, Catherine Bompuis

MARCO AURÉLIO CANÔNICO DO RIO

Entrelaçadas como se fossem palha, grandes tiras de bronze formam uma rede, dessas para deitar, que pesa 50 kg. Um balão, desses para voar, flutua invertido, com sua base (feita por uma pedra de 40 kg) na parte mais alta.

São esculturas da carioca Frida Baranek, 51, que mostram uma das principais marcas de seu trabalho: a capacidade de dar uma sensação de leveza a materiais pesados.

Um dos principais nomes da Geração 80, com participação em eventos como as bienais de São Paulo (1989) e de Veneza (1990), Baranek ganha agora sua maior exposição individual no Brasil: "Confrontos", no Museu de Arte Moderna do Rio.

"Meu pensamento se forma a partir de um sentimento, uma intuição com o material, que se desenvolve em ideia", diz a artista. "Pensava que, se conseguisse mudar a percepção que temos a respeito de materiais bem simples, veria uma coisa nova."

MATERIAIS PESADOS

As obras "desafiam a lei da gravidade" e "dão uma impressão de surreal, como se o real ficasse invertido", nas palavras da curadora, a francesa Catherine Bompuis.

"O que eu acho interessante na obra da Frida é que ela adora trabalhar com material industrial, como ferro, mas tira disso uma coisa extremamente gráfica, intimista. Ela desenha com o material, então tem essa força e uma delicadeza ao mesmo tempo, esse confronto", diz Bompuis.

Além de fazer uma coletânea da produção da artista desde 1985, "Confrontos" traz duas obras novas, criadas especialmente para a exposição, e duas esculturas que foram refeitas --entre elas "Bolão", de 1990, um emaranhado de metal no qual flutuam pequenas pedras brancas.

"É a primeira vez que se pode olhar o conjunto da obra", diz Bompuis. "Mesmo sendo um recorte, dá uma ideia das direções do trabalho dela."

A mais destacada das obras em exposição --até por ter mais de quatro metros de altura e pesar cerca de 1.500 kg-- é "Unclassified" (1992), que ocupa os pilotis do MAM.

Construída com partes de aviões militares americanos e sucata de aço inox, ela foi criada sob encomenda para uma exposição de artistas latino-americanos no MoMA, em Nova York.

Conseguir espaço em um dos principais museus do mundo era quase impensável para brasileiros quando Baranek iniciou sua carreira. Hoje, ela celebra a valorização pela qual a arte nacional passou neste século, mas ressalta os perigos do sucesso chancelado pelo mercado.

"Vejo artistas que estão supervalorizados muito cedo, não sei o quanto isso é bom para o trabalho, pode minar a capacidade criativa, acabar sendo uma prisão. Sempre me preocupo em desafiar a mim mesma porque acho que, se eu me surpreender, vou surpreender os outros."


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