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Traço cult de Art Spiegelman ganha retrospectiva em NY

The Jewish Museum dedica exposição ao autor de HQs clássicas como 'Maus'

Esboços, manuscritos, originais e 'desenhos mais indecentes' do quadrinista repassam 50 anos de produção

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Art Spiegelman sugere que o futuro das histórias em quadrinhos depende da aceitação dessa arte como alta cultura. "Desde os anos 1970, os quadrinhos deixaram de ser para a massa. Estão hoje nas bibliotecas, na academia, nos museus", disse em evento antes da estreia de "Art Spiegelman's Co-Mix: A Retrospective", no mês passado.

Em cartaz no Jewish Museum, em Nova York, até março, essa é a primeira retrospectiva de Spiegelman, 65, em território americano. Ele telefonou para a direção do museu e contou que o escolhera como a única instituição a exibir o seu trabalho nos EUA.

A mostra explora os 50 anos de produção do quadrinista ao reunir mais de 300 esboços, manuscritos e originais.

Ela segue a tendência da chegada gradual dos quadrinhos aos museus, como provam "Masters of American Comics" (2005), organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, "Comic Abstraction" (2007), sob a curadoria do Museu de Arte Moderna de Nova York, e "Modern Cartoonist: The Art of Daniel Clowes" (2012), no Oakland Museum.

A retrospectiva se inicia nos anos 1960, quando Spiegelman, aos 15 anos, criou "Blasé", seu fanzine satírico. Adolescente, ele conheceu o trabalho de Harvey Kurtzman, o fundador da "Mad" e seu "herói". "Os desenhos grotescos e transgressores da Mad' mudaram a minha vida."

Spiegelman se envolveu nesse período com os comix, os quadrinhos underground. Tratou de sexo, drogas e violência, temas banidos pelo Comics Code Authority (órgão criado nos anos 1950 para censurar HQs). "Os meus desenhos mais indecentes estão nessa exposição", disse, após tragar um cigarro eletrônico.

Em 1971, mudou-se de Nova York para São Francisco, a meca dos comix. A atmosfera da contracultura o saturou. "Sou do contra, mas não confunda isso com libertário." As ideias dos hippies e do feminismo não o seduziram. "Estava no meio dos movimentos sem seguir nenhum."

Segundo a curadora Emily Casden, Spiegelman "amadureceu" nos anos 1970, quando se concentrou nas estruturas narrativa e visual dos quadrinhos, lançados pela Companhia das Letras no Brasil. A antologia "Breakdowns" (1977) exibiu os primeiros elementos autobiográficos.

Ganhou notoriedade com os dois volumes de "Maus", publicados em 1986 e 1991.

Em "Maus", ganhador do Pulitzer em 1992, Spiegelman relata a experiência do pai como sobrevivente do Holocausto. A obra, cujo manuscrito está na retrospectiva, persegue o seu autor desde então.

Spiegelman diz ter desistido das HQs. Nos últimos 20 anos, fez ilustrações para a revista "The New Yorker", escreveu livros infantis, publicou "À Sombra das Torres Ausentes" e iniciou projetos com dançarinos e músicos. Detesta ser lembrado apenas como o autor de "Maus".


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