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Crítica - Drama

Filme independente consegue resultado pífio ao insistir em macetes do gênero

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

Existem algumas constantes no cinema independente americano, à parte não ser, há muito tempo, independente: luz estourada, corte no meio dos planos seguidos de longos momentos de vazio, elencos eficazes e roteiros sem foco.

Todas essas características estão presentes em "Uma Estranha Amizade", que conta a história de Jane (Dree Hemingway), jovem atriz que vive na casa da colega Melissa (Stella Maeve) e de seu namorado Mikey (James Ransone).

Disposta a redecorar seu quarto, ela compra, entre outros objetos, uma garrafa térmica, na qual encontra pilhas de dinheiro.

Sem conseguir restituí-lo à legítima dona, a irascível velhinha Sadie (Besedka Johnson), Jane decide tornar-se amiga da senhora, ainda que contra a vontade dela.

Talvez seja esse o centro do filme: a distância e a proximidade entre essas duas mulheres, uma que espera apenas o fim da vida, a outra que se abre para ele e busca, ainda que desajeitadamente, um caminho talvez espiritual.

Ao mesmo tempo, existe a profissão de Jane, como atriz pornô. É a descrição desse meio, mesmo que tomado em poucas imagens, o que mais interessa no filme. Seu estranho distanciamento em relação à sexualidade, assim como os desequilíbrios da colega Melissa (mesma profissão), compensa o vácuo existencial (não distante, por exemplo, do "Bling Ring: A Gangue de Hollywood" de Sofia Coppola) das personagens.

O desafio é, em linhas gerais, o mesmo do filme de Coppola sobre o bando de adolescentes entediados que rouba celebridades: como tornar interessante o vazio.

A simpatia de Jane, somada à presença de sua cadela Starlet, mais algumas baixarias de Melissa, ajudariam a manter o interesse pelo filme.

Mas a insistência nos macetes desse cinema, que de independente pouco tem, e a dificuldade de Sean Baker, diretor e corroteirista, em aproximar os temas que aborda (em particular, as oposições vazio/plenitude, material/espiritual, velhice/juventude, sexualidade/sobrevivência) impedem "Uma Estranha Amizade" de conter a dispersão e fixar o forte da ação. Daí, talvez, o resultado pífio.


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