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Crítica - Animação

Diretor japonês faz poesia ao lidar com a morte

Em 'Vidas ao Vento', indicado ao Oscar de melhor animação, Hayao Miyazaki trata a dor de maneira suave, mas concreta

SÉRGIO RIZZO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Aos 73 anos, o japonês Hayao Miyazaki desfruta de prestígio inestimável no cenário da animação mundial, graças a filmes como "A Viagem de Chihiro" (2001), que lhe valeu o Oscar da categoria, e "O Castelo Animado" (2004), indicado ao mesmo prêmio.

No domingo, Miyazaki voltará a disputar o prêmio por seu mais recente (e talvez derradeiro) longa, "Vidas ao Vento". Agora, não parece ter chances. O momento é de "Frozen: Uma Aventura Congelante", da Disney.

Curiosamente, foi o grupo Disney que ajudou a tornar Miyazaki conhecido fora do Japão, ao distribuir seus filmes. A parceria se repetiu --nos EUA, no Canadá e em outros países, mas não no Brasil-- com "Vidas ao Vento".

Desta vez, seu universo singular de dramas, personagens e cenários --erguido com base em técnicas clássicas de animação, com pouca intervenção digital --bebe na fonte de um personagem verídico: Jiro Horikoshi (1903-1982).

Lenda da aviação japonesa, Horikoshi participou da construção de aviões de combate usados pelo seu país na Segunda Guerra Mundial. Não era bem isso que ele imaginava na infância, quando sonhava com máquinas voadoras.

Logo, é muito mais de Jiro, o menino sonhador, do que de Horikoshi, o projetista de armas de guerra, que Miyazaki se ocupa. Da infância à vida adulta, acompanhamos seus ritos de passagem e as marcas dolorosas que o tempo lhe imprime.

O mundo é cruel, lembra Miyazaki, e muitas vezes cobra caro por nossos sonhos.Mas o filme trabalha essa ideia com tamanha dose de poesia e delicadeza que, ao final, triunfa um sentimento oposto, o de que a vida, apesar de tudo, vale muito a pena.

Registre-se, por exemplo, a maneira ao mesmo tempo suave e bem concreta com que "Vidas ao Vento" lida com a morte. Ela está à nossa espreita, pode bater à porta a qualquer hora, e é por isso, sugere a metáfora de Miyazaki, que precisamos voar.


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