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Análise

Mostra de Testino transforma museu em um camarote VIP

EDER CHIODETTO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mario Testino é um fotógrafo bem comportado. Celebridades o elegeram como seu fotógrafo predileto porque com ele não há riscos a correr. Garantia de deixar todas as peles saudáveis, todos os sorrisos tentadores, todo mundo bem na foto.

A beleza cosmética, padrão magazine, é sua garantia de triunfo comercial e de retorno às nobres famílias e revistas que vendem o mundo das celebridades como uma exceção à vida mundana dos seres reais.

Antes de fotografar pessoas, Testino opta por captar a superfície fantasiosa dos personagens que os famosos criam para expor aos flashes. Ele fotografa a fama, não as pessoas.

Seus retratos não têm densidade, vestígios de drama interior ou percepção dialética do outro. Ou seja, é um excelente funcionário do meio que o contrata.

Que suas fotografias, realizadas com competência para o mercado editorial, ganhem espaço em museus de arte é sintoma de um momento em que certas instituições culturais parecem desesperadas por atrair público a qualquer custo, no lugar de formá-lo.

LUGAR NA HISTÓRIA

Comparar é sempre algo complexo, mas vale um esforço para pensar qual será o lugar na história da fotografia e do retrato reservado a Testino, que em sua juventude desejou ser padre.

Pensemos no olhar glamouroso e desconcertante de Helmut Newton, no rigor e na capacidade de revelar detalhes segredados das pessoas de Richard Avedon.

Lembrem-se do retrato em preto e branco de Marilyn Monroe com olhar perdido, o frenético e original universo pop de David LaChapelle e a irreverência iconoclástica e sexualmente infantilizada de Terry Richardson.

São todos autores que trafegam ou trafegaram pelas mesmas altas rodas de celebridade que Testino, mas com acento autoral, verve criativa e visão crítica da sociedade que inexiste no acervo e na visão asséptica do fotógrafo peruano.

As pessoas irão ao museu, provavelmente em grande contingente, como quem vai a um camarote VIP caçar celebridades.


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