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Crítica - Guerra

É muita ação para louvar a macheza americana

Moralmente questionável e bastante violento, 'O Grande Herói' faz bom cinema com cenas irretocáveis de combate

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Existem filmes que parecem feitos para "meninas" e outros destinados apenas a "meninos". Fica claro que "O Grande Herói" está na segunda categoria. Um drama de guerra eletrizante, banhado com sangue e testosterona.

A campanha de lançamento vende o filme como comparável a "O Resgate do Soldado Ryan", de Steven Spielberg. Críticos americanos entusiasmados falam de semelhanças com "Nascido para Matar", de Stanley Kubrick.

Nada disso.

O diretor Peter Berg não é Spielberg nem Kubrick. Ele apenas compartilha com eles a proposta de falar de guerra fechando seu foco em poucos personagens, esmiuçando medos íntimos no front.

Não importa tanto o resultado da missão, mas sim suas implicações na vida dos combatentes. Kathryn Bigelow também fez isso no ganhador do Oscar "Guerra ao Terror".

"O Grande Herói", baseado em história real, mostra quatro soldados americanos enfrentando 200 atiradores em montanhas no Afeganistão.

Na busca de um líder terrorista, acabam surpreendidos pelos inimigos após decisão estratégica infeliz do líder do grupo, Marcus (Mark Wahlberg, também produtor).

Sem rádio, não têm como pedir reforço aéreo para sua base. Resta a eles sobreviver. No caso, matar todos os inimigos antes que sejam mortos.

Há uma ótima cena sem combate, bem tensa, quando precisam decidir se matam ou não pastores de cabras que os viram e podem denunciá-los.

Mas é só um breve intervalo entre as impressionantes imagens de confronto. Eles tomam tiros, de raspão ou bem mais graves, e ainda são muito maltratados pelo terreno pedregoso, caindo e rolando morro abaixo vários vezes.

Os quatro vão acumulando ferimentos, numa degradação física horrenda, enquanto sua munição vai acabando.

Para convencer que soldados de verdade teriam chance de sobreviver a tamanho martírio, toda a sequência de abertura do filme mostra o treinamento desumano a que os recrutas se submetem para entrar nesse esquadrão.

"O Grande Herói" é tecnicamente espetacular, mas incomoda o louvor desmedido à macheza dos soldados.

Ignorando a discussão moral, é empolgante. Depois de ver o filme, os marmanjos que ainda guardam seus antigos soldadinhos de plástico em casa vão querer tirá-los do armário e brincar de novo.


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