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Artista pendura fênix na catedral de NY

Instalação do chinês Xu Bing em templo é formada por duas aves produzidas com materiais de construção e sucata

Obra, encomendada para um centro empresarial em Pequim, foi rejeitada por ser "crítica"

RAUL JUSTE LORES ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O maior templo cristão de Nova York será, ao longo de 2014, um espaço para a exposição de uma das instalações mais impactantes da arte chinesa contemporânea.

Duas fênix, aves mitológicas que renascem das cinzas, estão suspensas do teto da Catedral Anglicana de São João, o Divino, a poucas quadras da Universidade Columbia.

A instalação de 12 toneladas, formada por uma fênix macho (Feng, de 28 metros de extensão) e uma fêmea (Huang, 31 metros), é obra do artista plástico chinês Xu Bing, 59, e leva uma romaria de curiosos à catedral. As peças estão na direção contrária ao altar, "para não ficar religioso demais", brincou o artista na abertura da mostra.

Ao longo da história, o templo foi usado para exposições e apresentações musicais (Duke Ellington se apresentou lá). O reverendo da catedral, James Kowalski, disse ao "New York Times" que a instalação é "sagrada, com poderes transformadores" e se diz orgulhoso em emprestar o espaço para a instalação.

A obra nasceu de uma encomenda de um "ícone" para o átrio de um grande centro empresarial em construção em Pequim, desenhado pelo arquiteto argentino-americano César Pelli. O artista diz que ficou chocado ao ver a modernidade do prédio e as condições primitivas dos operários na obra.

"Não é apenas uma crítica ao trabalho operário na China, é um assunto que nos afeta a todos. É sobre pagamento justo, salários humanos para todas as pessoas."

As fênix foram feitas de material de construção, sucata e ferramentas dos próprios operários da obra. Olhando bem de perto, descobrem-se serrotes, chaves de fenda, pás, capacetes de construção, extintores, luvas, lonas plásticas de proteção nas asas e ferro velho.

"As fênix representam sonhos e desejos não realizados, elas têm muitas cicatrizes", diz o artista.

Os empreendedores do prédio não gostaram da obra rústica ("Achavam que eu estava fazendo uma crítica ao desperdício de material de construção e pediram materiais mais luminosos ou decorativos", rememora Xu) e o projeto foi cancelado. Então Xu continuou a fazer sua obra em seu ateliê em Pequim, com a ajuda de um colecionador de Taiwan.

RENASCIMENTO

Xu também tem sua própria história de renascimento. Nascido em Chongqing, no centro do país, viu seu pai, um professor universitário, ser mandado para um campo de trabalhos forçados durante a Revolução Cultural maoísta, e ele mesmo, estudante, teve que pegar na enxada no campo quando sua universidade foi fechada, na mesma época.

Nos anos 1990, ele ganhou uma bolsa da MacArthur Foundation. Viveu em Nova York por 18 anos, até que voltou à China para ser o vice-presidente da Academia Central de Belas Artes, a mais famosa escola de arte do país.


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