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'Meu trabalho é um fracasso', diz artista

Marcado por relatos sobre o Holocausto, francês Christian Boltanski trata de perigo e aleatoriedade em suas obras

'Selva de papel' que artista expõe no Sesc Pompeia, a partir de abril, é um ato de resistência da memória

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Dois fantasmas espreitam a obra do artista francês Christian Boltanski, que vai expor em São Paulo no próximo mês: o perigo permanente e o caráter aleatório da vida.

Quando nasceu, em 1944, o pai, judeu, escondia-se sob o piso da casa. Os amigos da família eram sobreviventes da perseguição nazista.

"Há sempre um choque psicanalítico iniciático. No meu caso, foi histórico", diz. "Aqueles relatos sobre o Holocausto me marcaram."

Boltanski investigou o fortuito da existência em instalações como "Personne/No Man's Land", em que um braço mecânico escarafunchava uma pilha de trapos (corpos?), erguia um punhado deles e os atirava de volta à vala comum. Cada ser é único, parece dizer, mas a geleia geral de esquecimento e indiferenciação é o fim inapelável.

"Meu trabalho é um fracasso, porque tentei guardar a lembrança das pessoas, lutar contra a morte e, é claro, não consegui", avalia, teatral. "Por outro lado, parece que as coisas continuam... Daqui a anos, haverá outro artista e outro jornalista aqui falando dos mesmos assuntos."

Nesse sentido, a "selva de papel" que Boltanski ergue no Sesc é um ato de resistência da memória, algo para ele tão essencial quanto a comunicabilidade. "Detestaria que, diante de uma obra minha, dissessem: Que raios é isto? Como são estúpidos esses artistas de vanguarda!'. Não quero que se sintam enganados."


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