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Rainha das bolinhas, Yayoi Kusama chega a São Paulo

Retrospectiva exibe obras psicodélicas de toda a carreira da artista japonesa

Exposição vista por mais de 1,4 milhão de pessoas em outras cidades estreia agora no Tomie Ohtake

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

No mundo da arte contemporânea, Yayoi Kusama, 85, é como um Fusca. Foi enorme sucesso, caiu de moda e depois voltou repaginado sem perder as curvas características --no caso dela, as famosas bolinhas coloridas.

Essa artista japonesa, que tem agora uma retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, é uma das maiores marcas globais da indústria da arte e não esconde isso. Mesmo nos anos 1960, quando estourou com o auge da arte pop e da histeria psicodélica dos hippies de Nova York, ela já operava como uma empresa.

"Este é um momento em que artistas funcionam como grifes. Jeff Koons é uma grife, Takashi Murakami é uma grife, mas ela antecipou tudo isso", observa Philip Larratt-Smith, um dos curadores da mostra. "Ela tem um dom natural para a publicidade."

Não espanta então que do lado de fora das galerias onde estão suas obras haja fotografias da artista em várias fases da vida, retratada como diva alucinada, nua numa instalação de falos estofados, ou já como velhinha excêntrica de cabelos alaranjados.

Mas a mostra também revela as origens de tudo. Kusama, que hoje vive num hospital psiquiátrico em Tóquio, diz sofrer com alucinações desde a adolescência, enxergando o mundo sempre coberto de bolinhas coloridas.

Em suas primeiras pinturas, elas já estão lá, um tanto mais tímidas do que no tom estridente que ganhariam depois, mas visíveis nas telas mesmo em composições quase todas brancas, como sua série das "Redes Infinitas".

Nessa primeira sala também estão as primeiras esculturas de Kusama, criadas quando a artista se mudou nos anos 1960 de Tóquio para Nova York. São formas fálicas prateadas que transbordam de objetos domésticos, como sapatos e assadeiras.

De certa forma, é um prelúdio aos happenings orgiásticos que ela capitaneou depois de abandonar a pintura abstrata que vinha fazendo.

"Ela tem duas histórias distintas", diz Frances Morris, outra curadora da mostra. "É uma artista de ateliê e ao mesmo tempo uma empresária engajada com a contracultura e o mundo underground."

Depois de um hiato em que se dedicou a escrever livros, Kusama retomou suas criações psicodélicas no fim dos anos 1990. Em paralelo à pintura, que hoje faz aos montes numa espécie de linha de montagem, ela criou uma sala iluminada por luzes ultravioleta cheia de móveis cobertos de bolinhas coloridas.

Na última sala da mostra, esses pontinhos que brilham no escuro viram lâmpadas que pendem do teto num ambiente espelhado. Seria, nas ideias da artista, a manifestação da alegria num mundo de voyeurs e exibicionistas.


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