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Origem das manifestações é tema de debate em SP

RICARDO MENDONÇA DE SÃO PAULO

Rico em imagens, "Junho" foi bem-sucedido na missão de retratar a dinâmica das passeatas, a violência policial e a rápida multiplicação de pautas daqueles atos.

Mas o filme lida com o tema com o mesma incapacidade exposta pelas autoridades, a imprensa e a academia: não conseguiu --e nem tentou-- contar uma história que ajude a entender como surgiu algo daquele tamanho e com aquelas características.

Nasceu do nada?

Esse vácuo foi um dos temas do debate promovido pela Folha com o Espaço Itaú de Cinema - Augusta, em São Paulo, na noite de terça (3). Participaram o colunista da Folha Demétrio Magnoli, o coronel reformado José Vicente da Silva, o militante do MPL (Movimento Passe Livre) Leonardo Cordeiro e o pesquisador da USP Pablo Ortellado.

A deficiência, reconhecida pelo fotógrafo João Wainer, o elogiado diretor, foi inicialmente citada por Cordeiro.

Ele lembrou que 2013 coincidia com o décimo ano da vitória dos atos pela redução das tarifas de ônibus em Florianópolis. Aquele movimento teve a mesma gênese do de junho: focava no transporte, foi reprimido, mas cresceu rápido e mobilizou boa parte da sociedade local. Só que tudo isso recebeu pouca atenção.

'LONGE DO CENTRO'

Cordeiro citou outro caso em Salvador. E o histórico de atos sobre transporte na periferia, sempre "longe do centro e das câmeras", repetia. "Junho não deveria ter sido uma surpresa tão grande."

Ortellado, quase sempre concordando com Cordeiro, falou em "dois grandes méritos" do filme: "o destaque ao MPL" e o fato de "não ter caído na tentação de ficar discutindo a legitimidade das manifestações e da polícia".

Ele usou parte de suas falas para criticar a posição da imprensa nos primeiros atos. "Foi um discurso homogêneo [de crítica], a mesma retórica. Mas aí vira", afirmou. "Gostei da independência do filme de chamar a atenção para o editorial da Folha", o texto "Retomar a Paulista", de 13 de junho, muito crítico com o MPL.

Magnoli preferiu dar ênfase ao que ele chamou de "desencontros" retratados. Destacou o da "expectativa política dos militantes que dirigiram as primeiras manifestações com o que acontece depois [a profusão de pautas]".

Em consonância com os membros do MPL e da USP, ele criticou a "violência indiscriminada" da polícia.

Mas discordou das críticas à imprensa. "Nas primeiras manifestações, algumas centenas de manifestantes pararam a marginal. E aí a imprensa pediu a atuação da polícia. Mas é mentira que os órgãos sérios, que não são o Datena, tenham pedido para a polícia violar os direitos das pessoas e agir com violência", disse.

Ainda que não estivesse falando em nome da PM, José Vicente ficou com o papel de tentar defendê-la. Começou lembrando que nenhuma polícia no mundo tem preparo para lidar com 100 mil pessoas. "Lógico que não deveriam agir assim. Mas esse policial não está acostumado a ser provocado, agredido."

O coronel fez menos sucesso com a plateia ao dizer que, segundo suas contas, os atos resultaram em mais policiais feridos que manifestantes.

Diante da incredulidade geral, informou que os policiais são obrigados a registrar qualquer agressão sofrida, mas que os manifestantes nem sempre fazem o mesmo contra policiais.


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