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Crítica - Drama

'A Culpa É das Estrelas' faz uso de velhos truques para arrancar choro do público

RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA

"A história gira em torno de Hazel e Gus, dois adolescentes que se conhecem em um grupo de apoio a pacientes com câncer e compartilham, além do humor ácido e do desdém por tudo o que é convencional, uma história de amor que os faz embarcar em uma jornada inesquecível."

Sim, essa é a história de Hazel (Shailene Woodley) e Gus (Ansel Elgort). Sim, os dois se conhecem no grupo de apoio. E sim, eles se apaixonam. O problema está na descrição dos personagens.

Pode ser que eles compartilhassem o humor ácido e o desdém pelas convenções no best-seller de John Green. Mas, na versão que chega aos cinemas, eles são dois jovens belos, adoráveis e adequados à família e à sociedade.

Com a exceção de uma ou outra piada sobre o líder do grupo, que encontrou Jesus depois da doença, não há vestígios de acidez ou rebeldia.

Pela sinopse, eles parecem uma nova versão de "Bonnie e Clyde" (1967), em que o câncer substitui a polícia do Texas como o inimigo a ser derrotado. Mas são, na verdade, uma atualização do lacrimoso "Love Story" (1970).

Ou seja, um casal construído no binômio amor incondicional/doença fatal para que Hollywood reafirme: "Continuamos dominando a ciência da extração de lágrimas".

O dado novo que o filme traz à fórmula é a ênfase na virgindade. Como em "Crepúsculo", "A Culpa É das Estrelas" faz um elogio não muito discreto ao celibato --que nos lembra que o mundo e o cinema se tornaram mais conservadores que nos anos 1970.

Fora isso, os velhos truques para aflorar a emoção estão todos lá: trilha sonora dramática, câmera lenta, closes nos rostos de personagens desfigurados pela dor.

O resultado é inevitável: lágrimas e soluços são arrancados com precisão cirúrgica. Se foi assim numa sessão para críticos de cinema --categoria notoriamente desalmada--, como não será para pessoas com coração?


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