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Naftalina dançante

Ritmos das pistas dos anos 1970 e 1980 voltam à moda com o duo canadense Chromeo e a banda australiana Cut Copy, que toca hoje em São Paulo

GIULIANA DE TOLEDO DE SÃO PAULO

"White Women", novo disco da dupla canadense Chromeo, está há menos de um mês nas lojas. Não é estranho, porém, que o CD soe familiar para quem viveu as pistas de dança de 30 anos atrás. O balanço se baseia no funk, no soul e na música disco das décadas de 1970 e 1980.

Outro lançamento recente de causar "déjà vu" é "Free Your Mind", novo CD da banda australiana Cut Copy, que se apresenta nesta sexta (6) em São Paulo, no Audio Club (leia entrevista na pág. E3).

Apesar de atrair mais o público jovem, o grupo pode fazer a cabeça de pais e filhos, com seu pop carregado de sintetizadores dos anos 1980.

Com o caminho aberto pelos sucessos recentes da dupla de música eletrônica Daft Punk e pela nostalgia causada por "Xscape", novo disco póstumo de Michael Jackson, a música dançante dos anos 1970 e 1980 ganha fôlego.

Os franceses do Daft Punk, donos dos hits "Get Lucky" e "One More Time", abriram as portas do saudosismo para que o Chromeo, após dez anos de carreira e fiel a esse estilo desde o início, tenha agora a chance de atingir um público maior.

"White Women" estreou na 11ª posição da "Billboard", parada de sucessos dos EUA. É o melhor resultado do duo formado por David Macklovitch, ou Dave 1, e Patrick Gemayel, apelidado de P-Thugg.

"O que o Daft Punk e o Chromeo fazem é usar ritmos extremamente populares. É um groove' com aceitação imediata. São músicas daquelas em que a galera solta a franga em festa da firma e casamento", avalia o produtor Carlos Eduardo Miranda.

Tony Tornado, um dos precursores da black music no país, também diz não se surpreender com a onda de interesse. "Modéstia à parte, fizemos uma música de base", ri. Aos 84, o cantor e ator segue nos palcos, lembrando sucessos como "BR-3" e "Podes Crer, Amizade".

"É uma música eterna porque serve para dançar, mas tem uma mensagem séria. A black music nasceu como forma de resistência. Meu show é um black museu'", conta.

William Magalhães, 48, vocalista da banda carioca Black Rio, fundada em 1977, diz que a boa fase do estilo está se refletindo também na sua carreira. Para o fim do ano, o grupo planeja turnê na França e na Inglaterra.

SINTETIZADORES

A atenção estrangeira também já se voltou para o capixaba Silva, 25, que, como o Cut Copy, adota sintetizadores dos anos 1980 nas composições.

"O que gosto na música oitentista é que os arranjos são muito ricos, tão importantes quanto as letras", diz Silva.

Lançado em março, "Vista pro Mar", seu segundo disco, foi levado ao Rock in Rio Lisboa e deve sair nos EUA no segundo semestre pelo selo Six Degrees, que tem Bebel Gilberto e Lenine no catálogo.

Para a cantora carioca Marcela Vale, 27, do projeto Mahmundi, a década de 1980 também é referência. "Gosto muito de Phil Collins desde criança. Foi uma época divertida, mas ficou tachada de brega. Adoro aqueles efeitos de reverberação", diz ela, que prepara o primeiro disco, sucessor dos EPs "Efeito das Cores" (2012) e "Setembro" (2013).

"São músicas fáceis de escutar, mas complexas de fazer. Depois veio o grunge e a tendência passou a ser simplificar", diz o produtor Lucas de Paiva, 26, que já atuou com Silva e Mahmundi.

Sem medo de soar brega, Paiva criou no Rio a banda Séculos Apaixonados, que cria letras românticas embaladas por muitos saxofones, típicos de três décadas atrás.


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