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Crítica - Comédia romântica

Produção argentina deixa um gosto amargo de preconceito

Em 'Coração de Leão', homem baixo só consegue ser amado porque é rico

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

Tanto o diretor Marcos Carnevale quanto o ator Guillermo Francella já tiveram momentos melhores. O primeiro, como diretor de "Elsa & Fred" (2005), que tratava do amor na velhice com humor melancólico, e de "Viúvas" (2011), bom pastelão feminino sobre a traição.

Já o segundo, no papel dramático do melhor filme argentino da última década, "O Segredo dos Seus Olhos" (2009), vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro.

Infelizmente, "Coração de Leão - O Amor Não Tem Tamanho" não é refinado como a elogiada produção recente do país vizinho. A aposta aqui é na comédia romântica apelativa de trama banal.

León (Francella) é um homem que mede 1,36 m e quer conquistar Ivana, uma bela advogada divorciada, interpretada por Julieta Díaz.

Para isso, conta com uma lábia afiada que a encanta, mas que, ao mesmo tempo, a deixa diante de um dilema. Sua família e seus amigos aceitarão sua relação com um sujeito tão baixo?

Seguem-se situações que expõem o mundo de preconceitos no qual vive uma família de classe média de Buenos Aires. Também a aparente impossibilidade de o discurso politicamente correto pegar num universo já corrompido. A secretária de Ivana resume a situação da chefe quando conclui, de forma exagerada: "Somos todos nazistas".

A crítica embutida é válida. Porém, é cruel concluir que toda a trama se mantém apenas porque a hesitação de Ivana se deve ao fato de que León tenha dinheiro.

Sim, o homem é baixo, porém é dono de uma bela casa com piscina e tem como hobby saltar de parapente no Rio de Janeiro.

Se, por um lado, o filme quis chamar a atenção sobre como a burguesia portenha trata mal quem é diferente, por outro, conclui que a única possibilidade de um homem tão baixo ser amado é se ele for rico.

Assim, as situações cômicas, se fazem rir ao desmontar um preconceito, deixam um gosto amargo ao expor outro.


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