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Grafite e outros bichos
Argentino Tec, que desenha no asfalto de ruas de São Paulo, ganha mostra individual na galeria Choque Cultural
Em uma terça-feira à tarde de julho, dia de jogo do Brasil na Copa, o argentino Tec, 39, decidiu que era o momento ideal para conseguir realizar mais uma de suas intervenções sobre o asfalto, desta vez na avenida Paulista.
Essa seria a rara oportunidade de o artista cordobês, que já desenhou um peixe gigante na rua João Moura e um ratão na Caiubi, entre outros bichos pela cidade, encontrar uma das principais vias da capital paulista sem carros.
Com um amigo a postos para avisar quando algum carro se aproximasse, achou que teria ao menos duas horas para concluir o trabalho. Mas, com uma goleada da Alemanha em curso, em 30 minutos o vaivém de veículos logo voltou ao normal.
Mesmo com o imprevisto, Tec (ele não costuma divulgar seu verdadeiro nome) conseguiu aproveitar os curtos espaços de tempo quando os semáforos fechavam e deixou registrado em uma das pistas da avenida um homem descansando com os braços atrás da cabeça.
A ideia de começar a usar o asfalto como suporte para algumas de suas obras surgiu quando ele se mudou para São Paulo há três anos.
"É muito difícil surpreender um paulista com grafite. Em Buenos Aires, a surpresa ficava por conta do ato em si, de dizer que você podia fazer aquela arte no espaço público. Aqui, o grafite já estava muito amadurecido e levei um tempo para entender que tinha que pintar fora da parede para causar algum impacto", afirma.
Agora, Tec, que assim como outros expoentes da arte de rua também ganhou espaço nas galerias, tenta surpreender o público com esculturas. Uma instalação feita com peixes de cerâmica e resina, cada um com uma pintura diferente, integra sua nova exposição individual na Choque Cultural.
Na mostra, "Swimming Pool", também estão em exibição três novas telas. "A pintura do Tec é muito gestual. Ao mesmo tempo que ela é vigorosa e solta, tem um controle grande e deixa rastros", diz Baixo Ribeiro, da Choque.
