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Crítica - Policial

Autor espanhol recicla imagens conhecidas com competência

SANTIAGO NAZARIAN ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma jovem advogada prospera na carreira ao conseguir condenar um inspetor acusado de tortura. Quarenta anos antes, outra mulher tenta fugir do marido contra o qual planejava um atentado. Seu filho sofre de estranhos distúrbios e apresenta, ainda novo, um comportamento violento. Seu filho mais velho ingressa no exército para fugir do pai, político autoritário.

Essas e outras histórias aparentemente desconexas vão se interligando lentamente nas 456 páginas de "A Tristeza do Samurai". De fato, até metade do romance de Víctor del Árbol, o leitor pode se encontrar perdido sobre qual é exatamente a trama, quais são seus mistérios (e qual é o sentido do título).

"A Tristeza do Samurai" é um ambicioso misto de drama histórico, thriller político, espionagem e policial.

A combinação não deixa de gerar um pastiche tarantinesco, com centenas de momentos recosturados de clichês cinematográficos: um menino passeia com seu cachorro, que acaba encontrando um corpo; um psicopata deformado é mantido num porão como animal de estimação dos mafiosos.

Entretanto, se Del Árbol recicla imagens já vistas, o faz com extrema competência. A arquitetura do romance é impressionante, com diversos núcleos se encaixando em 40 anos de história. A trama, dos anos 1940 até os 1980, serve de panorama da ditadura franquista na Espanha.

Beneficiado por uma melhor edição original, o texto poderia ter se livrado de momentos desnecessariamente explicativos e de lugares-comuns ("se sentia vazia como uma noite sem estrelas", "usada como uma ovelha entregue aos lobos").

Os diálogos são invariavelmente eloquentes demais para quem os profere. Tudo é demasiado encaixado para ser feita a leitura realista --mas pode ser aceito sem problemas num contexto de gênero.

Longe de ser alta literatura, "A Tristeza do Samurai" cumpre os diversos desafios a que se propõe e está longe de ser uma obra medíocre. Como romance policial, ganhou o Prêmio Polar em 2012.


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