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Documentarista estreia na ficção com drama litorâneo

No longa de Gabriel Mascaro, vila é agitada pela chegada de um forasteiro

'Ventos de Agosto' foi exibido ontem, no Festival de Locarno, na Suíça; no Brasil, estreia ocorre até o fim do ano

LUCAS NEVES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LOCARNO (SUÍÇA)

Abordar e pedir para filmar alguém é sempre "um gesto de violência, uma invasão", segundo o cineasta pernambucano Gabriel Mascaro, 31, que tem feito carreira no documentário ("Doméstica" e "Um Lugar ao Sol").

A questão o inquieta tanto que, mesmo migrando para a ficção em "Ventos de Agosto", ele criou um personagem para personificar essa "busca absurda" do real.

No filme apresentado na sexta (8) no Festival de Locarno, o forasteiro é um pesquisador de ventos.

"Ele ganha a vida captando o som do ar. É parecido com a experiência que tenho como documentarista, de tentar me conectar com o impossível, com o imaterial", diz ele, também intérprete do ouvinte de ventanias.

A chegada do personagem agita o vilarejo litorâneo em que os namorados Shirley e Jeison (Geová Manoel dos Santos) dividem o tempo entre o trabalho num coqueiral, sexo ao ar livre e saídas para pescar polvo --o tríptico vacila quando o rapaz fica obcecado por um corpo desfigurado cuspido pelo mar.

O par central é dos poucos elementos que já constavam do roteiro quando Mascaro e uma equipe de cinco pessoas aportaram nos povoados alagoanos em que instalaram seu set por três semanas.

Emendas no script e o começo do trabalho de montagem aconteciam simultaneamente às filmagens.

"Tudo foi pensado para incorporar o imprevisto, apropriar-se das coisas que iam surgindo", descreve Mascaro.

INTROMISSÃO

A porosidade permitiu incluir, por exemplo, a reação assertiva de um velho pescador local à apresentação de um crânio com dente de ouro. "É de Zé Pereira!", responde, de bate-pronto.

Também as cenas domésticas de Shirley surgiram do factual: a atriz Dandara de Morais morou por uma semana com a senhora que interpreta sua avó convalescente, e esta já não distinguia entre realidade e ficção ao fim.

Depois de Locarno, "Ventos" segue para o Festival de Brasília, em setembro.

A estreia no Brasil deve acontecer até o fim do ano, segundo a produtora.

Paralelamente, Mascaro prepara uma instalação para a Bienal de São Paulo com imagens de manifestações de rua captadas por policiais. O trabalho por ora se chama "Não É sobre Sapatos".


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