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Peça propõe diálogo entre tragédia e mundo moderno
Inspirado em trilogia do grego Ésquilo, grupo [pH2] estreia o espetáculo "Átridas"
Foi ao teatro grego que o grupo paulistano [pH2] recorreu para tratar de família e poder em sua nova peça, "Átridas". A partir das tramas em torno de Agamemnon, rei grego, a peça relê um marco inicial das tragédias familiares no teatro.
O grupo já havia investigado diálogos possíveis entre a tragédia e o mundo contemporâneo nas peças "Manter em Local Seco e Arejado" e "Mantenha Fora do Alcance de Criança", dirigidas por Rodrigo Batista.
Faltava radicalizar a pesquisa elegendo uma obra trágica clássica como ponto de partida. "Átridas", que estreia hoje, se serve de "Oresteia", de Ésquilo, para debater a família da atualidade.
Desta vez, Batista apenas atua, deixando a encenação para Maria Emília Faganello.
A trilogia de Ésquilo narra o retorno de Agamemnon da Guerra de Troia, seu concedimento ao sacrifício de sua filha Ifigênia, sua morte pelas mãos da esposa Clitemnestra, e sua vingança, arquitetada pelo filho Orestes.
Com uma dramaturgia fragmentada e não linear, "Átridas" conta essa história durante uma festa da família.
Os acontecimentos trágicos não são encenados, mas sugeridos pelos personagens através de seus comportamentos e solilóquios.
Para Batista, que vive Agamemnon, cabe somente à interpretação gerar o sentido trágico da cena.
O conflito de gerações surge como protagonista dessa festa. Se a passionalidade costuma ser uma qualidade da juventude, no espetáculo ela aparece como característica dos mais velhos.
Para Batista e Faganello, isto é um reflexo das relações contemporâneas. "Os jovens se relacionam com frieza e distanciamento, estão anestesiados", afirmam.
ÁTRIDAS
QUANDO ter. e quar., às 21h; de 27 de novembro a 19 de dezembro
ONDE Sesc Pinheiros (rua Paes Leme, 195; tel. 0/11/3095-9400)
QUANTO R$ 10
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
