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Análise

Compositor de "Coisas" é gênio musical que o Brasil demorou muito a reconhecer

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Bastava ver as expressões de surpresa nos rostos das plateias dos primeiros concertos em homenagem a Moacir Santos, no início dos anos 2000, para confirmar que a obra desse compositor e maestro era até então conhecida por poucos, inclusive no Brasil.

Lançado em 1965, o álbum "Coisas" (que só ganhou edição em CD, por incrível que pareça, já em 2005) reúne algumas de suas obras-primas.

Moacir compôs e arranjou as dez faixas. Bem-humorado, decidiu batizá-las de "coisas", diferenciando-as apenas por números.

O impacto de sua inventiva concepção musical já surge na faixa de abertura.

Calcada em ritmos afros, que remetem às raízes negras da música popular brasileira, a encantatória "Coisa nº 4" prepara o ouvinte para "Coisa nº 5" -hoje a composição mais popular de Moacir, que se tornou a canção "Nanã" ao receber a letra de Mário Telles.

A singela valsa-jazz "Coisa nº 2", a melancolia da sofisticada "Coisa nº 9", a sinuosa melodia de "Coisa nº 6", que o cantor Geraldo Vandré veio a letrar e a gravar como "Dia de Festa", ou ainda o jazzístico samba "Coisa nº 7", são outras belezas desse álbum antológico.

O disco só retornou ao mercado graças à repercussão de "Ouro Negro" -o CD duplo de releituras de composições de Moacir, que o arranjador Mário Adnet e o saxofonista Zé Nogueira produziram no ano de 2001.

No texto incluído na primeira edição de "Coisas" pelo selo Forma, o produtor Roberto Quartin sintetizou seu valor histórico.

"Trata-se de um músico negro escrevendo música negra e não um garoto de Ipanema contando as tristezas da favela ou de um carioca, que nunca foi a Petrópolis, a enriquecer o cancioneiro nordestino", anotou.

Não foi à toa que o jazzista Wynton Marsalis comparou nosso pernambucano ao fenomenal Duke Ellington, seu grande ídolo. Moacir Santos é um gênio musical que o Brasil demorou muito a reconhecer.


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