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Foco

Monólogo de Nicole Puzzi nos torna meninos espiando pela fechadura

Uma das divas da pornonchanchada dos anos 1970/1980 estreia espetáculo em bar de SP

XICO SÁ COLUNISTA DA FOLHA

Nicole Puzzi voltou uma ova, Nicole Puzzi nunca saiu das nossas cabeças. Se o amigo tem mais de 40 sabe perfeitamente o que estou falando. É pronunciar Nicole Puzzi e o desejo rebobina rolos e rolos de filmes em cartaz permanente.

Por isso foi tenso vê-la em carne e osso. A diva da pornochanchada protagoniza a peça (ela prefere chamar de "stand-up romântico") "Eu Só Estava Amando em 70", texto dela com direção de Dominique Brand, no bar Biroska.

Nicole Puzzi, 54, continua linda e gostosa como na capa da velha "Status" amarelada que guardo comigo. A mesma "Status" das revelações inéditas do cronista Rubem Braga -a picareta desculpa para tê-la até hoje.

No monólogo com tintas autobiográficas, a atriz encarna a personagem Mirna Loy, uma romântica enrustida que dialoga com amores à distância e, quando enche a cara, conversa com Elvis Presley.

Só Nicole Puzzi para fazê-lo sambar miudinho. O roqueiro também funciona como consultor sentimental da moça.

Ali está, no palco do bar, a atriz de "Convite ao Prazer" (1980), de Walter Hugo

Khouri, o Antonioni da Mooca, o homem que sabia filmar as mulheres mais do que qualquer outro cineasta do mundo.

Nicole Puzzi que arrastava multidões aos cinemas de rua nos anos 1970 e 1980. A estrela de "Possuídas pelo Pecado", de Jean Garrett, a "Ariella", de John Herbert, que também a dirigiu em "Tessa, a Gata".

Não há como não ficar nervoso de tesão ao rever Nicole ali na tua frente falando do amor nos tempos do drive-in. "Era ditadura e eu só estava amando", sussurra, entre uma música e outra de Roberto. Chega a ameaçar o Rei com um processo. É que as canções do cara a deixam triste, tadinha da nossa musa.

E quando ela interage com a plateia -com a presença de muita gente do cinema da "Boca do Lixo"- e dialoga justamente contigo!

Ela me perguntou se devia usar um vestido transparente ou uma saia cor-de-rosa com blusinha idem. Votei pela transparência total do figurino. Não foi nada fácil.

Trêmulo, senti-me um tarado Tarcisão Meira de "Eu", a mais freudiana das fitas de Khouri, com Nicole, óbvio.

Eu só estava amando quinta à noite no Biroska. Porque o monólogo de Nicole Puzzi é uma brincadeira com o tempo e nos põe como adolescente no buraco da fechadura.


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