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O luxo pede passagem

Mercado de luxo critica barreiras tarifárias e burocráticas do Brasil e já busca alternativas como Sudeste Asiático, África e norte europeu

LUISA BELCHIOR ENVIADA ESPECIAL A BARCELONA

Diante de barreiras impostas pelo Brasil e por outros países emergentes, como taxação excessiva, burocracia e protecionismo, a indústria de luxo já desvia parte de seus investimentos a mercados alternativos, como África, Sudeste Asiático e norte da Europa.

Essas três regiões são alvo de novos investimentos do setor e de recomendações de consultorias e corretoras, disseram à Folha empresários e analistas do setor, reunidos em Barcelona para o 15º Encontro da Indústria de Luxo.

Nas sessões do encontro, o sistema de taxação do Brasil foi um dos principais alvos de críticas dos palestrantes.

Mesmo assim, os emergentes ainda são o centro das atenções de marcas de luxo

-concentram 40% dos investimentos no mercado, segundo o diretor da PNB Baripas para pesquisas sobre a indústria de luxo, Luca Solca. Sozinha, a China já é o quinto mercado dessa indústria.

Mas, diante das dificuldades de expansão nesses países, o analista prevê que Brasil, China e Índia percam espaço para os novos mercados a partir deste ano.

"Estão todos falando da China hoje, mas em breve países como Nigéria e Malásia serão grandes mercados, porque têm um potencial de consumo e não apresentam tantas barreiras. As atividades nos mercados emergentes se movem muito rápido", disse.

A indústria de luxo é uma das poucas que crescem há três anos apesar da crise -e também por causa dela.

Em 2012, o incremento foi de 10% em todo o mundo, segundo a Bain & Company.

No Brasil, a consultoria espera altas entre 15% e 25% nos próximos cinco anos.

Já em países do Sudeste Asiático, os investimentos de marcas de luxo cresceram 30% em 2012, de acordo com a Rahul Prasad, diretor da Pike Preston Partners.

Analistas ouvidos pela Folha concordam que todas as principais empresas de artigos de luxo ainda miram o Brasil, se já não estão presentes no país.

"Muitas empresas vão para o Brasil, mas o problema é que não conseguem se expandir", diz o brasileiro Paulo Feferbaum, da empresa de branding Clarity, de Barcelona.

FORA DE MODA

É o que acontece com a italiana Gucci. Por causa de entraves burocráticos e limitação de cidades para abrir novos pontos, a marca tem "cautela" com a expansão no Brasil, "mercado complicado", segundo a vice-presidente da grife, Micaela Divedec.

"Por muito tempo nossas roupas demoravam tanto para entrar no Brasil que, quando chegavam às lojas, já eram da coleção antiga", disse.

Por outro lado, a Gucci tem 36% de suas 429 lojas no Sudeste Asiático, em países como Malásia, Cingapura e Coreia do Sul. No Brasil, são 3, ante 66 no Japão.

A Ermenegildo Zegna, que está em todos os emergentes e planeja novas lojas para o Brasil e a Índia neste semestre, já abriu lojas em Macau e no Vietnã, onde está também a Louis Vuitton.

"Esses países nunca colocaram travas para a entrada de marcas de luxo e nem devem colocar", diz Pedro Nueno, professor da escola de negócios espanhola Iese e um dos fundadores do encontro da indústria de luxo.

Até no Velho Continente em crise o mercado também acha um nicho, mais especificamente na Áustria e em países da Escandinávia.

Após estudar os países emergentes e possíveis novos mercados, o diretor da consultoria Ascana, Eduardo Rivero, decidiu investir unicamente no norte da Europa.

"São países que têm dinheiro, mas não marcas de luxo, e não foram muito afetados pela crise do continente. E são muito mais seguros que os emergentes."

A jornalista LUISA BELCHIOR viajou a Barcelona a convite da Iese.


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