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Arquivos secretos levantam o véu dos paraísos fiscais

Vazamento de dados maior que o do Wikileaks expõe transações sigilosas

DO CONSÓRCIO INTERNACIONAL DE JORNALISTAS INVESTIGATIVOS

Um repositório de mais de 2,5 milhões de arquivos expôs os segredos de 120 mil companhias e fundos "offshore", revelando negócios secretos de políticos, trapaceiros e de algumas das pessoas mais ricas do planeta.

Os dados, obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), revelam quem está por trás de empresas sigilosas e fundos de investimento nas Ilhas Virgens Britânicas, nas ilhas Cook e em outros paraísos fiscais. Estão lá transferências de dinheiro, datas de registro e trocas de e-mails -que ilustram como o sigilo financeiro ajuda ricos e bem relacionados a fugir dos impostos.

As transações detalham ativos "offshore" de pessoas e empresas de mais de 170 países e territórios. Há de bilionários da Europa Oriental e Indonésia a negociantes internacionais de armas e uma empresa comandada por "laranjas" que seria associada ao programa de desenvolvimento nuclear do Irã.

Arthur Cockfield, professor de Direito tributário na Queen's University, do Canadá, avaliou alguns documentos em entrevista à CBC.

Para ele, os dados lembram a cena de "O Mágico de Oz", onde "a cortina é aberta e vemos o mágico manipulando a máquina secreta".

O anonimato dificulta rastrear o fluxo de dinheiro. James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, estima que haja entre US$ 21 trilhões e US$ 32 trilhões em paraísos fiscais

-o equivalente ao tamanho das economias dos EUA e do Japão combinadas.

O fluxo de capital "offshore" -legal e ilegal, pessoal e empresarial- pode causar crises econômicas e diplomáticas. A crise da Europa foi alimentada pelo desastre fiscal na Grécia, que foi exacerbado pela sonegação fiscal e pelo colapso dos bancos em Chipre, um pequeno paraíso fiscal onde os ativos bancários foram inflacionados por dinheiro da Rússia.

Defensores desse sistema dizem que a maioria dos clientes faz transações legítimas. Os paraísos fiscais permitem a empresas e indivíduos diversificar investimentos e fazer negócios onde haja menos burocracia e custos do que no mundo convencional.

"Tudo é para facilitar os negócios", diz David Marchant, editor do OffshoreAlert.

"Quem é desonesto aproveita o sistema de modo negativo. Quem é honesto pode aproveitá-lo positivamente."

Boa parte do trabalho de reportagem do ICIJ teve por foco o trabalho de duas companhias "offshore", a Portcullis TrustNet, de Cingapura, e a Commonwealth Trust Limited (CTL), das IVB, que ajudaram dezenas de milhares de pessoas a criar companhias, fundos e contas bancárias sigilosas "offshore".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Leia mais em

folha.com/no1256886


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