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Análise

Queda dos mercados mostra que existe o risco de bolha

JOHN AUTHERS DO "FINANCIAL TIMES"

O que exatamente ele queria dizer? Duas coisas ficaram evidentes depois do boletim e da entrevista coletiva do Fed (o banco central americano), na quarta-feira.

Primeiro, as declarações de Ben Bernanke causaram verdadeira surpresa.

Segundo, um aperto da política monetária, depois de quatro anos de frouxidão sem precedentes, está a caminho. O rendimento dos títulos de dez anos do Tesouro dos EUA, que servem de papel de referência no sistema financeiro mundial, chegou aos 2,4%, um ponto percentual acima do piso de baixa atingido quase um ano atrás. Isso representa um aperto considerável, engendrado pelo Fed.

Por que tanta surpresa? Considere a inflação. Especialista em economia japonesa, Bernanke se preocupava notoriamente com o perigo que uma deflação representa para a economia. Mas promoveu a alta dos juros de longo prazo em um momento em que a inflação nos EUA recua, bem como as expectativas inflacionárias, enquanto a desaceleração na China gera pressão de queda nos preços das commodities.

Isso aponta para um relaxamento, e não para esforços de convencer o mercado a elevar taxas.

Assim, por que assustar os mercados com um ambicioso cronograma para eliminar todas as compras de títulos --que vêm ocorrendo à razão de US$ 85 bilhões ao mês-- até a metade do ano que vem?

O Fed pode acreditar que o mercado de trabalho norte-americano --ainda tépido, com as reduções no desemprego associadas principalmente à queda no número de pessoas em busca de trabalho-- esteja mais saudável do que imaginam outros observadores.

Outra explicação, negada por Bernanke em sua entrevista, seriam as bolhas de ativos. A liquidez que o Fed despejou nos mercados mundiais criou instabilidade, mais evidentemente nos mercados em desenvolvimento.

Estava crescendo o medo de que o Fed, se atrasasse demais a reversão de sua política de relaxamento, permitiria que os preços dos ativos formassem uma bolha que em seguida explodiria.

A queda das Bolsas revela que havia muito excesso incorporado aos mercados. Agora, o risco de uma bolha foi reduzido, enquanto o BC americano continua a estimular os mercados.

Caso o desemprego não caia ou a inflação suba como esperado --dois riscos reais--, o banco central poderia desrespeitar seu cronograma de saída. Se era esse o plano, parece ter funcionado como um relógio.


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