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Analistas recomendam cautela com ações de serviços públicos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHADiante da interferência do governo em empresas que prestam serviços de utilidade pública, como água, gás, energia elétrica, rodovias e telefonia, analistas têm recomendado cautela ao investir nessas ações.
O setor elétrico foi um dos que mais perderam no primeiro semestre, prejudicado pela revisão tarifária aprovada pelo governo no início do ano, em que as companhias reduziram taxas cobradas pelos serviços em troca do prolongamento de concessões.
As ações da Eletropaulo, por exemplo, afundaram 62,49% de janeiro a junho.
"Esse setor era considerado defensivo, porque as empresas de energia pagavam bons dividendos [parte dos lucros distribuída aos acionistas], que foram cortados depois da revisão tarifária" diz Carlos Müller, analista-chefe da corretora Geral Investimentos.
"Os papéis perderam a atratividade depois disso."
Para Felipe Silveira, analista da corretora Coinvalores, porém, nem todas as interferências governamentais foram negativas. "No caso do setor de rodovias, as medidas têm sido favoráveis. O governo precisa investir em infraestrutura e tem acelerado os leilões de concessões", diz.
O governo tem trabalhado com medidas compensatórias no setor de rodovias, afirma Silveira, o que evita um prejuízo para as companhias.
"Um exemplo recente foi a suspensão do reajuste nos pedágios de rodovias privatizadas, anunciada em junho pelo governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)", diz o analista.
"Para compensar as concessionárias, haverá diminuição no valor repassado à Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo)", acrescenta.
Para o investidor, ressaltam especialistas, é preciso saber avaliar quais setores se beneficiam e quais são prejudicados pelas medidas do governo antes de investir no mercado de ações.
"Empresas pouco expostas ao governo oferecem risco menor, mas as oportunidades existem e não devem ser desperdiçadas", diz Müller, da Geral Investimentos.
