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Balança tem pior saldo semestral desde 95

Deficit acumulado nos primeiros seis meses chega a US$ 3 bi; junho tem superavit com plataforma de petróleo

Governo festeja dado positivo do mês, mas analistas veem risco com freada chinesa e recuo das commodities

RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO

O Brasil chegou à metade do ano com o pior saldo comercial para um primeiro semestre em 18 anos. De janeiro a junho, o deficit acumulado na balança comercial (a diferença entre as importações e as exportações do país) foi de US$ 3 bilhões.

O resultado só não foi pior que o de 1995, quando o rombo chegou a US$ 4,2 bilhões, informou ontem o Ministério do Desenvolvimento.

O desempenho, contudo, poderia ter sido ainda pior. O expressivo superavit de junho, de US$ 2,4 bilhões, foi alcançado graças à exportação de uma plataforma de US$ 1,6 bilhão pela Petrobras.

Trata-se de uma operação contábil. A plataforma foi "vendida" a uma subsidiária da própria estatal no Panamá, mas nunca chegará de fato a ser enviada ao exterior. A empresa passa a registrar seu uso como aluguel e obtém, assim, vantagens fiscais.

Apesar de a estatal usar com frequência esse expediente, o valor das exportações de plataformas neste ano chama a atenção: foram duas, totalizando US$ 2,4 bilhões. No ano passado, o embarque de três plataformas somou US$ 1,5 bilhão.

Sem essas operações, o deficit da balança no semestre saltaria para US$ 5,4 bilhões.

O valor da plataforma exportada em junho é tão significativo que supera as vendas para a Argentina e transforma o Panamá no terceiro maior comprador de produtos brasileiros em junho.

Segundo a Petrobras, essa é uma "superplataforma" chamada P-63 Papa Terra.

ALENTO

No governo, contudo, o resultado de junho foi alardeado como alento. "Os números mostraram recuperação da balança. Seguimos apostando num saldo positivo no fim do ano, mesmo que bastante inferior ao de 2012", afirmou Tatiana Prazeres, secretária de comércio exterior.

O mesmo otimismo não é compartilhado pelos analistas. Eles destacam que a queda dos preços das commodities e a possível desaceleração da China são ameaças à reação das exportações, que tiveram queda de 1% ante o primeiro semestre do ano passado.

As exportações de minério de ferro caíram quase 6% em junho, por causa dos preços mais baixos. "Não parece que o cenário vá melhorar", diz José Augusto Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), que não descarta deficit neste ano. "Há muita incerteza."

Segundo Prazeres, a recente desvalorização do dólar pode ajudar a compensar a queda nos preços. Ela disse, contudo, que a mudança no câmbio costuma levar até seis meses para ser sentida no mercado exportador.

O Banco Central reviu de US$ 15 bilhões para US$ 7 bilhões sua estimativa para o saldo comercial neste ano.


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