Folha de S.Paulo

Mercado Aberto

Copa de longe

Pouco animadas com as perspectivas de lucro com a vinda de turistas estrangeiros durante a Copa do Mundo, agências de viagem investem em opções para brasileiros que desejam ficar bem longe dos agitos do Mundial.

Executivos do segmento dizem que se admiraram com a demanda por viagens para o período com até seis meses de antecedência.

A Nascimento Turismo registrou até 20 de fevereiro um volume 163% maior de vendas para a época dos jogos, em comparação com o mesmo período do ano passado.

"A procura chamou a atenção porque um grande volume das nossas vendas ocorre entre 30 e 60 dias antes da data de embarque", ressalta o diretor Cleiton Feijó.

A companhia não mudou sua estratégia para atrair mais turistas.

"Se conseguirmos manter durante a Copa o mesmo fluxo de passageiros do ano passado, já será muito positivo. Ainda não sabemos como o país vai se comportar."

A CVC, por sua vez, afirma ter registrado no primeiro mês deste ano o melhor janeiro em vendas em 41 anos de existência da companhia.

O volume geral de reservas confirmadas cresceu 20% no mês passado em relação ao mesmo período de 2013.

A procura, segundo a empresa, se deve tanto a clientes que planejam viajar em junho, período em que algumas escolas decidiram entrar em férias, como em julho, recesso escolar tradicional.

UM MÊS A MAIS DE FÉRIAS

"Assista à Copa na Disney." Esse é um dos apelos da campanha que a Agaxtur vai lançar para atrair interessados em sair do país nos meses de junho e julho e, com isso, dobrar o fluxo de 8 mil para 16 mil passageiros no período.

A promoção visa aos principais destinos da agência: Flórida, Europa, América do Sul e cruzeiros no Caribe e no Mar Mediterrâneo, que, segundo Aldo Leone Filho, presidente da agência, serão muito procurados em junho devido à alta temporada no hemisfério norte.

"Como teremos um mês a mais de 'férias de julho', deveremos ter um incremento de 100% em junho, que historicamente não tem fluxo forte de passageiros, e esperamos que o volume de julho se mantenha igual", diz.

"Muitos lugares ficam lotados em julho. Mas com duas férias para promover, as chances de venda e de diluição do fluxo crescerão."

O preço das passagens em junho, normalmente mais baixo que em julho, deverá se manter igual, afirma.

JOGOS NO ALASCA

A agência de viagens Teresa Perez Tour espera um incremento de ao menos 25% no fluxo de clientes em viagens para o exterior no período da Copa do Mundo.

Entre os pacotes mais procurados estão um cruzeiro no Alasca e uma viagem com o veleiro Alila Purnama, para dez pessoas, que percorre ilhas na Indonésia.

"Ninguém quer viajar dentro do Brasil, porque estão com receios dos altos custos por conta da Copa", afirma Tomas Perez, presidente da companhia.

A procura por pacotes para o período começou a crescer ainda em dezembro do ano passado, fenômeno incomum, segundo Perez.

"Com o câmbio instável, os viajantes costumam deixar para planejar suas viagens de última hora", diz.

A preferência na companhia é por embarque em junho, em razão dos preços mais baixos.

"Quem deixar para viajar depois poderá encontrar voos bloqueados para turistas que voltarão para os seus países de origem."

PROCURA-SE

Engenheiro de segurança do trabalho e analista de logística estão entre as posições que serão mais demandas neste ano no país, de acordo com levantamento da Page Personnel, companhia especializada em recrutamento.

A pesquisa analisou sete áreas. No setor de tecnologia da informação, por exemplo, a busca por programadores crescerá até 30%.

Para obter mais certificações, as empresas devem ampliar o número de vagas para engenheiros de segurança. A alta ficará ao redor de 30% e o salário desses profissionais subirá entre 15% e 20%.

"Com o mercado estável, o volume de vagas pode diminuir, mas a procura por trabalhadores especializados continua", diz Roberto Picino, diretor da empresa.

"Os postos são, principalmente, para profissionais que trabalham com ampliação de vendas e otimização de custos, pois o mercado está mais competitivo", afirma.

Nos primeiros 50 dias do ano, a companhia abriu mais vagas do que era esperado, segundo Picino.

TOMADA ESTÁVEL

O consumo de energia no mercado livre -que inclui a venda de eletricidade para indústrias e grandes empreendimentos comerciais, como shoppings- ficou praticamente estável em janeiro.

A alta foi de 0,67% na comparação com o mesmo mês de 2013, de acordo com índice da comercializadora de energia Comerc. Em relação a dezembro, o acréscimo chegou a 4,96%.

O setor de material de construção civil foi o maior responsável pelo resultado positivo: avançou 21,41% ante janeiro do ano passado.

O calor recorde registrado no início deste ano contribuiu para elevar o consumo de energia nas unidades fabris em decorrência da utilização mais intensa dos aparelhos de ar-condicionado.

No setor siderúrgico, por exemplo, o crescimento foi de 5,19%. Os segmentos de comércio e de higiene registraram alta de 3,87% e 3,81%.

As indústrias de embalagens e de eletroeletrônicos, porém, diminuíram o gasto de eletricidade em 5,12% e 2,68%, respectivamente.

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