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Após alta da Bolsa, comprar ações requer mais cautela

Perspectiva de menor crescimento econômico limita ganhos de investidor

Cenário eleitoral ajudou a inflar Bolsa e valorizou papéis de empresas estatais, como Petrobras

MARIANA CARNEIRO TONI SCIARRETTA DE SÃO PAULO

Depois de subir 21,5% desde o seu pior momento neste ano, em março, a Bolsa brasileira passou a ser avaliada como cara pelos gestores de investimentos, com poucas chances de ganhos adicionais em um cenário de menor crescimento econômico e de mais turbulência eleitoral.

"A Bolsa subiu e a economia emburacou", afirma Marcos Peixoto, gestor de renda variável da XP Gestão.

Um dos indicadores mais usados, que denota a perda de atratividade da Bolsa ante o retorno que pode proporcionar ao investidor, é o P/L (preço médio das ações das empresas que compõem o Ibovespa, proporcionalmente, dividido por seu lucro).

Segundo Peixoto, esse indicador da Bolsa brasileira costuma oscilar entre 8 e 12. Atualmente está em 11, o que revela que os ativos brasileiros ficaram caros para uma previsão de retorno modesta.

Para José Eduardo Martins, sócio do private bank suíço Julius Baer/GPS, a Bolsa esteve mais atrativa no início do ano. "A economia continua desacelerando, com custos em alta, incertezas macroeconômicas e margens [de lucro das empresas] sob pressão", diz.

A perspectiva de menor crescimento neste ano e em 2015 ganhou força desde a divulgação do PIB do primeiro trimestre, que mostrou uma expansão pequena --de 0,2% ante os últimos três meses de 2013. A previsão dos analistas é que o país crescerá menos em 2014 (1,2%), o que limita os lucros das empresas.

Esse foi um dos motivos que levou Andrew Campbell, estrategista-chefe da corretora do Credit Suisse, a sugerir a clientes manter a exposição à Bolsa do Brasil, de acordo com o tamanho do país.

"No início do ano recomendamos o aumento da exposição a Brasil, o que foi considerado polêmico", diz.

Naquele momento, a expectativa era que o dólar disparasse, na esteira da recuperação dos EUA. Isso provocou uma queda das ações no Brasil, o que favorecia a compra.

Mas a economia dos EUA se recupera devagar, fazendo investidores voltarem aos emergentes, inflando as Bolsas.

"Agora, o preço subiu e voltou à média histórica, mas a perspectiva de resultado das empresas, não", afirma.

ELEIÇÃO

Para Peixoto, a alta da Bolsa brasileira também se deveu à corrida eleitoral.

O avanço da oposição nas pesquisas fez investidores valorizarem ações de estatais, como Petrobras. O papel preferencial da empresa, que já valeu R$ 13, em março, chegou a R$ 18 na sexta-feira.

Em um cenário volátil, com a reação de investidores a cada pesquisa eleitoral, a recomendação de Campbell e de Peixoto é investir em ações de empresas com chances de ganho além das urnas.

Os setores sugeridos são financeiro, educacional e construção para a baixa renda.

Peixoto afirma que há possibilidade de ganho nas ações sensíveis às eleições. Mas é preciso muita atenção ao mercado. "Não recomendo a pessoas físicas", diz.

A voz dissonante é a de Raphael Juan, gestor da BBT Asset, que ainda acredita na valorização dos papéis brasileiros. Ele afirma que as ações continuam desvalorizadas em relação a emergentes como Colômbia e México.

"É um caso binário: se a oposição vencer, a Bolsa está barata porque o cenário é melhor para as empresas, para fazer negócios. Se ficar como está, a Bolsa já está cara", resume Frederico Sampaio, da gestora de investimentos Franklin Templeton.


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