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Análise

Mesmo sem problema sanitário, produto já tem os seus "inimigos de plantão"

Os governos deveriam ter políticas de longo prazo para setores sensíveis como o da carne

MAURO ZAFALON COLUNISTA DA FOLHA

O Brasil, pode-se dizer, tem um bom sistema de controle sanitário. O importante, no entanto, não é apenas dizer que tem, mas mostrar que tem. O setor de carnes é muito importante para o país deixar escapar esporadicamente pelas mãos esse controle.

E isso não é um problema desse governo, mas um problema de governos. Há décadas o país conta com a sorte, mas de vez em quando o pior acontece.

Foi assim em 2005, quando o país foi vítima de um caso de febre aftosa. O mundo se fechou à carne brasileira, e alguns países só voltaram ao mercado brasileiro recentemente. O valor da carne caiu, o rebanho diminuiu e os prejuízos se espalharam por toda a cadeia.

Neste ano entrarão no país US$ 14,1 bilhões vindos das exportações de carnes.

Um setor que gera tanto e tem reflexos tão importantes na economia deveria ter um tratamento diferenciado no aparelhamento técnico e na preparação dos profissionais. Além de um orçamento à altura do que vale.

Um dos motivos para o atraso no resultado das amostras do caso do Paraná -que durou dois anos- foi um incidente em um dos laboratórios nacionais, como relatou o governo à OIE (Organização Mundial de Saúde Animal).

Os governos deveriam ter políticas de longo prazo para esses setores sensíveis. Uma programação eficiente no passado teria evitado os problemas atuais. Uma política eficiente agora evitará problemas no futuro.

O Brasil, é sabido, tem muitos dependentes de sua carne, mas também tem muitos inimigos de plantão. Sem a existência de problemas sanitários, as barreiras já se espalham por vários países. Imaginem com motivos.

É o cenário do momento. Por mais que o governo mostre que hão houve caso de vaca louca, uma posição aceita pela OIE, o país começa a receber os primeiros embargos, como o do Japão, e as primeiras ameaças, como as do Irã e da Rússia. Estes últimos são importantes destinos da carne bovina brasileira.

O Brasil exportou US$ 5,1 bilhões em carnes bovinas até o mês passado -russos e iranianos foram responsáveis por 25% desse valor.

Os russos já gastaram cerca de US$ 1 bilhão até novembro, valor próximo ao de 2011.

Já o Irã, que retoma as compras de carne brasileira, gastou US$ 302 milhões até o mês passado. De janeiro a novembro de 2011, os gastos somaram US$ 673 milhões.

É importante que o Brasil consiga mostrar o que realmente houve com a vaca do Paraná. Se confirmados esses embargos, e houver extensão para outros países importantes, os estragos serão grandes. Na lista dos maiores importadores estão Egito, Venezuela, Hong Kong e Itália.


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