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Análise Comércio Exterior

Sem Doha, protecionismo avança no comércio global

PETER SUTHERLAND ESPECIAL PARA O PROJECT SYNDICATE

A Rodada Doha, de negociações mundiais de livre comércio, parece ter morrido em silêncio quase completo.

Embora uma pequena porção do projeto possa vir a ser salva, a realidade é que se trata de um fracasso único na história das negociações multilaterais de comércio, que transformaram a economia global nas décadas seguintes ao fim da Segunda Guerra.

Muitas das sete rodadas anteriores demoraram anos para serem concluídas, mas nenhuma pereceu por desinteresse ou descuido. É de imaginar se alguns governos estão cientes do que está realmente em jogo.

Negociações de comércio multilateral bem-sucedidas tiveram papel importante na criação do mundo em que vivemos e propiciaram melhoras dramáticas nas vidas de milhões de pessoas.

Inicialmente, "globalização" era um epíteto, para muita gente. Mas, mesmo entre seus adversários, o valor que ela tem para os países mais pobres veio a ser reconhecido, porque ajudou a tirar mais de um bilhão de asiáticos da pobreza abjeta.

É necessário fazer muito mais pela África e por certas regiões da América Latina, e a Rodada Doha tinha por objetivo ajudar a prover acesso a mercados (e com isso oportunidades) a muito mais habitantes dos emergentes.

O que temos visto nos últimos anos é uma corrida aos tratados bilaterais, por parte de grandes nações e blocos. Essa corrida veio, de fato, acompanhada por um aumento no protecionismo. De 2008 para cá, 424 medidas protecionistas foram adotadas pela União Europeia.

A seguir teremos sem dúvida a perspectiva de um tratado bilateral de livre comércio entre a Europa e os Estados Unidos. Um tratado entre os EUA e o Japão está sendo discutido, bem como uma liberalização do comércio entre os Estados Unidos e países da Ásia e da América Latina.

Se qualquer dessas duas coisas for aprovada, boa parte do comércio global passará a ser conduzido sob uma estrutura discriminatória.

Não é tarde demais para reverter a maré aparentemente inexorável do bilateralismo. Mesmo que Doha não possa ser concluída, talvez existam outros caminhos, o que incluiria no mínimo a implementação dos pontos sobre os quais já existe acordo.

Outra alternativa seria promover o avanço das negociações multilaterais sobre áreas específicas (o setor de serviços, por exemplo) entre os países interessados, com adesão posterior para os demais membros da OMC.

Mas, se queremos avançar, e não recuar a um passado perigoso, os EUA precisam reafirmar um papel construtivo e voltar a liderar como fizeram no passado. Só que agora tendo a China a seu lado.


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