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Outro lado

Empresa afirma também ter sido vítima

Gep diz que contratou fornecedora que tinha selo de associação, mas assumiu pagamento por "razões humanitárias"

DE SÃO PAULO

A Gep fez questão de anotar no TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) que assinou a seguinte observação: que "desconhecia as condições de trabalho" dos funcionários que costuravam as peças por ela comercializadas.

Segundo o representante da empresa, Nelson Volpato, a empresa sentia-se "segura com o fato de a fornecedora de serviços ser credenciada pela ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil), que, em princípio, deveria assegurar a inocorrência do trabalho degradante".

A associação afirmou que a confecção não era um fornecedor certificado, mas, sim, tinha um "atestado de participação" no programa.

Em entrevista à Folha, o advogado da Gep, Carlos Kauffmann, disse que a Gep tem mais de 60 fornecedores de serviços cadastrados.

Ele afirmou que a empresa, apesar de estar há décadas estabelecida no ramo da confecção de roupas, mudou seu foco de atuação.

Cuida da gestão de suas marcas e das lojas, deixando a fase da produção das roupas a cargo de fornecedores contratados, "devidamente credenciados pela ABVTEX".

Segundo Kauffmann, no caso específico que gerou a fiscalização e o TAC, o fornecedor contratado era a Silobay do Brasil Confecções Indústria e Comércio, empresa "com o selo da ABVTEX".

"A Gep foi ludibriada. Também é vítima de agentes inescrupulosos atuando nesse mercado", disse. Questionado sobre o motivo pelo qual a Gep concordou em pagar as multas por danos morais e os custos das rescisões, Kauffmann disse que a empresa o fez por razões humanitárias. "Os trabalhadores poderiam ficar esperando anos."

Mas, segundo ele, a Gep pretende passar a conta para a Silobay. Ontem, durante a cerimônia de pagamento dos trabalhadores, era de uma sacola de compras com o logotipo da Luigi Bertolli, uma das marcas da Gep, que o pessoal do Ministério do Trabalho retirava envelopes de dinheiro vivo entregues a cada boliviano da oficina.

A desembargadora Ivani Contini Bramante, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, representante do Conselho Nacional de Justiça, e a juíza Patrícia Therezinha de Toledo, da Vara Itinerante de Combate ao Trabalho Escravo, que acompanharam a fiscalização, disseram que a Gep "deu um exemplo aos empresários do setor, ao assumir sua responsabilidade social diante da situação dos trabalhadores".

Segundo as duas, "o trabalho em condições degradantes seria muito mais facilmente combatido se todas as empresas agissem com a prontidão mostrada pela Gep uma vez informada dos resultados da fiscalização".

A Folha tentou contatar a Silobay nos telefones que aparecem na internet como sendo da empresa. Não conseguiu. (LAURA CAPRIGLIONE)


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