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Análise

Preocupação dos ativistas é com 'agenda escondida' de islamização

MONIQUE SOCHACZEWSKI GOLDFELD ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde que o AK, partido de Erdogan, ascendeu ao poder, há dez anos, a Turquia vive um bom momento econômico, com crescimento de mais de 3% previsto para 2013.

O partido também participa do jogo democrático, contando com o terceiro (e último) mandato de seu primeiro-ministro.

Desde seu segundo mandato, porém, o governo Erdogan vem gerando crescente suspeita em uma parte da população de contar com uma "agenda escondida" de islamização do país.

Esquerdistas, ambientalistas e mesmo acadêmicos igualmente mostravam-se desconfortáveis com os grandes projetos urbanísticos apresentados, sem debate ou consulta popular, sobretudo para a cidade de Istambul.

Uma terceira ponte sobre o Bósforo, uma mesquita gigantesca, a remoção de moradores pobres de áreas degradadas para a construção em seu lugar de moradias de luxo: esses foram alguns dos temas de tensão entre esses grupos e o governo.

A aprovação de restrições ao consumo de álcool, alterações em relação ao aborto, bem como a crescente truculência policial também já vinham exasperando os jovens em especial.

Assim, quando o grupo que protestava de maneira pacífica contra a transformação do Gezi Park em um shopping center foi tratado com imensa violência por parte da polícia, as insatisfações parecem ter se canalizado.

Dezenas de milhares de pessoas começaram a sair às ruas, primeiro no lado europeu de Istambul, onde fica Taksim, depois do lado asiático e por fim por quase 70 cidades ao redor do país.

O silêncio da mídia em geral sobre o ocorrido vem gerando mais revolta. Alguns turcos mesmo se apressam e chamam Taksim de "nossa Tahrir", a praça símbolo da revolta egípcia.

A verdade, porém, é que fora o uso parecido (e eficiente) de mídias sociais para burlar a censura e se organizar, os casos são diferentes.

A Turquia tem experiência democrática e a luta parece ser exatamente a de trazer o governo de volta a essa prática, evitando que siga pela autocracia com que as "repúblicas hereditárias" como o Egito já viviam.

A questão nos últimos anos é a de que a oposição estava por demais fragmentada, permitindo que o governo Erdogan, apoiado fortemente nos bons resultados econômicos, governasse sem freios e contrapesos democráticos.

Será que finalmente os insatisfeitos turcos se unirão e passarão a ter papel político relevante?

As famosas rivais torcidas de futebol do Besiktas, Fenerbahce e Galatasaray já abriram esse precedente ao longo dos últimos dias.


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