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União Europeia pede explicação aos EUA sobre espionagem
Agência de Segurança Nacional americana monitorava representação diplomática do órgão, diz a "Der Spiegel"
Documentos publicados pela revista alemã foram revelados pelo ex-analista da CIA Edward Snowden
A União Europeia pediu ontem, em tom de confronto, que os Estados Unidos apresentem explicações sobre reportagem da revista "Der Spiegel" que indica que a Agência de Segurança Nacional americana espionava representações diplomáticas do órgão em Washington.
O escritório da União Europeia nas Nações Unidas também foi alvo da ação.
A publicação alemã afirma ter tido acesso parcial a documentos secretos revelados por Edward Snowden, ex-funcionário de inteligência dos Estados Unidos atualmente na Rússia.
De acordo com a reportagem, a agência americana teria espionado informações confidenciais, e-mails e conversas virtuais do sistema de informática do bloco.
Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, disse que se as alegações forem confirmadas, haverá um "severo impacto" nas relações entre a organização e o país norte-americano.
Há especulações de que um acordo de livre comércio entre Washington e a União Europeia seja suspenso enquanto os EUA não esclarecerem a situação.
"Por que deveríamos negociar se tememos que nossas posições sejam conhecidas com antecedência?", disse o chefe de assuntos internacionais do Parlamento Europeu, Elmar Brok.
Revelações sobre o programa de monitoramento de informações norte-americano se tornaram públicas por meio de Snowden, que teve pedido de extradição feito pelo governo americano por espionagem. Ele cogita pedir asilo ao Equador.
Mas o debate não incluía, até agora, parceiros comerciais dos EUA como a União Europeia.
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que tem dado apoio a Snowden, indicou ontem que a publicação de documentos secretos sobre o sistema de espionagem norte-americano por parte do delator vai continuar.
Assange, refugiado na embaixada do Equador em Londres há mais de um ano, confirmou também que a equipe legal do WikiLeaks está em contato com Snowden para dar assistência.
O semanário alemão afirmou ainda que o monitoramento dos EUA era mais intenso em relação à Alemanha. Cerca de 500 milhões de conexões de comunicação do país eram monitorados a cada mês.
"Se o que a mídia diz é correto, essa ação relembra a época da Guerra Fria", disse um representante do governo alemão.
O ponto mais acessado pela Agência de Segurança Nacional seria Frankfurt, capital financeira da UE e sede do Banco Central Europeu.