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Africanos sobreviventes de naufrágio irão para Roma
Prefeito da cidade anunciou acolhida dos 155 imigrantes; maioria deve pedir asilo na Itália e não será devolvida para país de origem
Os 155 sobreviventes do naufrágio com um barco de imigrantes que ia da Líbia em direção à ilha de Lampedusa, na Itália, anteontem, poderão ficar em Roma.
"Eles serão acolhidos aqui, graças à colaboração do Ministério do Interior", disse o prefeito de Roma, Ignazio Marino. "Não podemos mais assistir a essas tragédias e queremos nos empenhar contra o que o papa Francisco chamou de globalização da indiferença'."
Já foram resgatados do mar 111 corpos, mas estima-se que o número de vítimas possa chegar a 300. Ontem, mergulhadores suspenderam as buscas por conta do mau tempo.
O barco de 20 metros levava entre 450 e 500 imigrantes africanos de Misrata, na Líbia, a Lampedusa. Após uma pane no motor, os passageiros atearam fogo em roupas e lençóis para chamar a atenção de outros barcos. A fogueira deu origem a um incêndio, que resultou no naufrágio.
A maioria das vítimas estava coberta por combustível --o que dificultou seu resgate. "Eu agarrei uma mulher mas não consegui segurá-la. Eu assisti ela afundar, exausta, sem gritar, com os olhos pregados em mim", disse o pescador Domenico Colapinto ao italiano "Corriere della Sera".
Com a exceção de um imigrante tunisiano, todos os sobreviventes são da Eritreia, segundo o Acnur (agência da ONU para refugiados). Entre eles, estão 40 garotos com idades entre 11 e 17 anos, que viajavam desacompanhados.
Lampedusa é, junto com Malta, o principal destino de imigrantes africanos, pela proximidade com o continente.
A maioria deles pede asilo e não é devolvido ao país de origem por questões humanitárias. "Entre os sobreviventes, a maioria não deve ser devolvida à Eritreia porque precisam de proteção e correm risco em seu país", disse Barbara Molinario, porta-voz do Acnur em Roma, à Folha.