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Análise drones

Debates jurídicos à parte, aviões-robôs são realidade inevitável

Como leis de guerra são defasadas, perguntas e conflitos éticos sobre uso de drones seguem sem ter resposta

IGOR GIELOW DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os relatórios sobre ataques com drones trazem uma crítica antiga ao emprego de aviões-robôs: que eles matam inocentes e são questionáveis do ponto de vista ético.

Isso tudo é verdade e vale também para bombardeios feitos por pilotos de carne e osso no comando. Mas os drones vieram para ficar.

O governo Obama pode até dizer que o número de ataques no Paquistão caiu após seu pico em 2010, quando a ONG New America Foundation contou 122 incidentes.

Neste ano, até aqui, foram 21 ações do tipo. Mas isso tem mais a ver com a descontinuidade do engajamento militar americano direto no Sul da Ásia, além da evidente mortandade de militantes islâmicos, do que com alguma preocupação humanitária.

A mesma ONG contradiz a voz corrente no Paquistão, de que civis são a maioria das vítimas dos ataques --e não que sejam poucas.

Em seu pior cenário, houve, de 2004 para cá, 3.400 mortos em 365 ações. Destes, cerca de 80% eram militantes extremistas.

Isso não resolve os conflitos éticos do uso dos robôs nem o fato de que a soberania do Paquistão foi violada repetidamente, algumas vezes com a aprovação tácita de seu próprio governo.

As leis de guerra são defasadas, e perguntas ficam sem resposta. O operador de robô nos EUA pode ser baleado no caminho para casa em retaliação legítima por uma morte causada no Waziristão do Sul? A família de uma vítima civil pode processar o governo dos EUA em qual tribunal?

Os defensores dos drones sustentam que eles garantem a proporcionalidade nos ataques: no passado, argumentam, seria necessário erradicar toda a vila para atingir um taleban --que agora pode ser morto em seu chuveiro.

De quebra, o público interno não recebe de volta sacos com seus jovens dentro.

Debates jurídicos à parte, os drones são uma inevitabilidade tecnológica, já ultrapassaram a barreira do uso militar e são empregados em toda sorte de tarefa civil.

Mas é a guerra que acaba trazendo inovações. Há cerca de 25 países operando modelos que podem ser armados, Brasil inclusive, e já existem mais de 20 projetos de robôs mais sofisticados em desenvolvimento no mundo.

Há diversos modelos terrestres e navais em teste, e o avanço na inteligência artificial estimula especular cenários como o da série de filmes "Exterminador do Futuro", na qual a humanidade enfrenta robôs autônomos.

Como disse o secretário da Marinha dos EUA, Ray Mabus, após o primeiro pouso independente de drone em um porta-aviões, em junho: "Não é todo dia que você tem um vislumbre do futuro".


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