Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Mujica diz que vai retirar tropas uruguaias do Haiti

Presidente critica sucessivos adiamentos das eleições legislativas no país

Brasil, no comando da missão militar da ONU, não comenta; Uruguai tem segundo maior contingente das forças

DE SÃO PAULO

O presidente do Uruguai, José Mujica, afirmou que deseja retirar os soldados de seu país da missão da ONU no Haiti chefiada militarmente pelo Brasil após criticar os sucessivos adiamentos para a realização de eleições legislativas no país caribenho.

"Sim, penso que sim", respondeu Mujica ao ser indagado se é hora de retirada dos soldados em um programa de TV anteontem. O mandatário disse haver um "estancamento político" no Haiti.

"Uma coisa é ajudar o povo haitiano para que se construa uma polícia [local]. Outra é estar lá indefinidamente com um regime que ao menos nos faz duvidar quanto à continuidade de renovação democrática", seguiu ele.

"Faz tempo que deveriam ter convocado eleições para renovar o Senado. [A convocatória] nos parece muito lenta. Vemos que não vai acontecer nada."

Segundo dados oficiais de setembro, os uruguaios são o segundo maior contingente militar da missão no Haiti, com 940 pessoas, só atrás do Brasil, com 1.400.

A ONU acaba de renovar neste mês o mandato da Minustah (Missão de Estabilização para o Haiti) até outubro de 2014. Como no ano anterior, foi autorizada a redução do contingente total, de pouco mais de 6.000 homens para no máximo 5.021 soldados.

Questionado ontem, o Itamaraty disse que não comentaria a decisão de Mujica, mas reiterou seu "compromisso de longo prazo com o Haiti".

O Brasil vem defendendo a retirada progressiva das tropas, mas evita críticas à política interna haitiana.

SIMBÓLICO

A decisão de Mujica de anunciar a retirada é uma vitória para setores da oposição no Haiti e grupos de esquerda do continente que criticam a missão, instalada em 2004.

O governo disse à agência de notícias AFP que a retirada não será "de uma hora para outra" e haverá coordenação com Brasília.

Os opositores questionam a legitimidade do governo Michel Martelly, eleito em 2011, e criticam os sucessivos adiamentos na eleição do Senado. Um terço da Casa deveria ter sido renovado no final de 2011 e outra eleição deveria ocorrer neste ano.

Após semanas de impasse, o governo acena que poderão ocorrer eleições em janeiro.

As declarações de Mujica ocorrem semanas após ele se reunir no Uruguai com o senador haitiano Jean-Charles Moïse e o ativista Henry Boisrolin, contrários à Minustah.

"A retirada dos soldados uruguaios não seria o fim da Minustah, mas representa um fato mais que simbólico. Após a unidade dos últimos dez anos, se um país se retirar, significa uma fissura", disse Boisrolin ao site esquerdista "Rebelión" após a reunião.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página