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Fronteira evidencia distorções da economia do país

DA ENVIADA A SAN CRISTÓBAL

Se a Venezuela está em "guerra econômica", como diz Nicolás Maduro, a fronteira com a Colômbia é uma das principais trincheiras, onde as distorções da economia se pronunciam.

Contrabando de gasolina e de comida e esquemas para lucrar com o dólar subsidiado sempre existiram, mas a desvalorização do bolívar forte ante o dólar e o peso colombiano no mercado negro --ao menos 60% desde maio-- tem aprofundado os problemas e multiplicado as possibilidades de negócio.

A começar pela falta de produtos básicos de preço tabelado em San Cristóbal, capital do Estado de Táchira. "Passo o dia querendo saber: chegou leite lá? Chegou papel noutro lugar? Então corremos para tentar comprar", diz Luz Dari, 51, que no domingo passado completou uma semana na fila numa barraca para tentar comprar um computador.

A escassez que há no país, a maior desde janeiro, é aprofundada aqui, porque grande parte da mercadoria vai parar no lado colombiano.

Na colombiana Cúcuta, uma zona no centro da cidade se tornou feira aberta de produtos venezuelanos.

O local foi batizado de "a pequena Venezuela". Os preços podem ser até 70% menores que nos supermercados locais. Nas ruas, homens brandindo cartazes oferecem transformar em dinheiro vivo --mediante taxa de ao menos 30%-- os cartões em dólares subsidiados que o governo da Venezuela concede a turistas ou para compras pela internet.

COCAÍNA

Mas o negócio certo e usado por taxistas e disputado por máfias dos dois lados da fronteira é o contrabando de combustíveis, para consumo e para fabricação de cocaína.

"É uma cultura da região já. Não há emprego, fábrica, nada. Vivemos de vender gasolina. E com a moeda do jeito que está...", diz o taxista Wilmer, 36, que preferiu não dar o sobrenome.

Ele conta que comprou seu carro pelo equivalente a US$ 6.000 (R$ 14 mil) há dois anos na Colômbia. Na Venezuela, o veículo valia 54.000 bolívares fortes.

Se quiser vender o carro agora, diz que lhe pagariam US$ 2.500 na Colômbia e, no mínimo, 200 mil bolívares fortes na Venezuela.

No domingo, Wilmer encheu o tanque com 40 litros numa fila onde dez veículos esperavam para exibir o chip que define as cotas mensais ou diárias para abastecer.

Na Venezuela, o litro da gasolina é praticamente de graça --custa centavos.

No lado colombiano, Wilmer espera vender a gasolina por ao menos US$ 18. Em Cúcuta, o litro, já subsidiado pelo governo para desestimular o contrabando, custa US$ 1.

A avaliação mais comum é que, com o valor do bolívar e a gasolina de graça, o contrabandista paga a polícia, os paramilitares e ainda sobra dinheiro. Segundo analistas, o negócio é mais rentável que cocaína.


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