Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

Novo prefeito de NY já percebe a dificuldade de honrar promessas

Prefeito de Nova York cria comitê para definir administração

Por ora, futuro prefeito de Nova York agencia o seu sonho de transformar uma cidade dividida entre ricos e pobres em uma única cidade

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES DE NOVA YORK

Na quarta-feira passada, o prefeito eleito de Nova York, Bill de Blasio, voltou à cena depois de alguns dias de imersão, na sequência de sua consagradora vitória sobre o republicano Joe Lotha.

A reaparição vem em meio a ações para formar a equipe que assumirá a prefeitura, em janeiro. Em entrevista, De Blasio foi questionado sobre um ponto delicado: a escolha do chefe do Departamento de Polícia, que substituirá Raymond W. Kelly.

Com longo currículo na área, Kelly intensificou a ação da polícia contra o terrorismo e gerou controvérsias com a política do "stop and frisk" (pare e reviste), considerada abusiva e discriminatória por revistar minorias em número desproporcional nas ruas.

Na campanha, foi acusado de propor uma linha mais frouxa, o que poria em risco conquistas das últimas gestões no combate ao crime.

Embora lacônico, deu a entender que o mandachuva será William J. Bratton --com experiência na cidade e em Los Angeles e Boston.

O tema é estratégico, mas não o único a despertar questionamentos e incertezas.

Eleito com uma plataforma que alguns classificam de "populista", De Blasio obteve forte apoio da população de baixa renda para abrir sobre o rival vantagem de 49 pontos --a maior desde que Edward Koch chegou ao terceiro mandato, em 1985.

A questão é saber como cumprirá as generosas promessas de campanha --que exigem, em alguns casos, novas leis na esfera estadual.

Entre outras bandeiras, acena com a universalização da pré-escola e a implantação de colégios comunitários com serviços de saúde.

"É provável que ele não seja capaz de preencher as enormes expectativas que criou", diz Alexander Keyssar, professor de história da Universidade de Harvard.

"Mas é muito improvável que venha a assumir um estilo populista, nos moldes latino-americanos. Isso não parece combinar com ele, e um prefeito de Nova York não tem tanto poder assim."

Para Keyssar, o aspecto mais interessante da vitória de De Blasio é o fato de ele ser "um verdadeiro progressista, um político quase de esquerda, que ficou confinado no partido desde os anos 1980. Isso poderá representar algum tipo de mudança, mas por ora é difícil saber".

O retorno dos democratas ao comando da cidade mobiliza um exército de militantes, conselheiros, amigos e interessados em cargos.

De Blasio criou um comitê para cuidar da transição com 60 membros de diversos setores --de sindicalistas a figurões do mercado financeiro, como Meyer S. Frucher, vice-presidente da Nasdaq.

Lançou também um site para quem quiser se candidatar a trabalhar na prefeitura.

Por ora, De Blasio agencia um sonho --que é, como ele diz, transformar Nova York, dividida entre ricos e pobres, numa "única cidade".

Não será fácil. Afinal, como lembrou um leitor do "New York Times" num fórum on-line, "nós vivemos em Nova York e não em Utopia".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página