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Análise
Governador já era questionado politicamente antes de crise
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES DE NOVA YORKA operação orquestrada nos bastidores do governo de Nova Jersey para fechar pistas da ponte George Washington acabou em desastre. Ao tentar tirar seu volumoso corpo fora e empurrar toda a culpa para seus colaboradores, o governador Chris Christie só faltou classificá-los de "aloprados" --termo usado pelo então presidente Lula no famoso caso do dossiê contra José Serra, na campanha estadual de 2006.
O discurso hiperbólico de Christie em sua própria defesa não convenceu ninguém. Como uma trama dessa natureza seria urdida por altos assessores sem o conhecimento do chefe? E se ele de fato não sabia de nada, o raciocínio do debate político é simples: "Se esse cara é enganado por auxiliares em Nova Jersey, imagina na Presidência... Não dá para confiar."
Antes de ser abalroado pelo "bridgegate", Christie vivia as glórias de uma consagradora reeleição em seu Estado, que o colocava como virtual candidato republicano à Casa Branca, em 2016, numa idealizada corrida contra Hilary Clinton. E agora?
Na realidade, a antecipação do embate Christie x Hilary, pelo menos no que diz respeito à escolha republicana, ainda tem mais de especulação midiática --com base em pesquisas-- do que de certeza política.
A questão não é "ah, ele ia ser o candidato e agora ficou difícil". A questão é: será que Christie, mesmo antes do escândalo, realmente reunia as melhores chances?
Aparecer bem em sondagens é uma coisa; vencer as primárias é outra. Analistas já questionavam se Christie, um conservador moderado, seria o nome a ser ungido pelos setores mais duros do partido, que exercem forte influência na indicação.
É verdade que ele já contou com as simpatias do Tea Party, mas a maneira como se pôs ao lado do presidente Barack Obama durante a supertempestade Sandy, em 2012, esfriou ultraconservadores.
Além disso, há uma lista de candidatos, como Scott Walker (governador do Wisconsin), Marco Rubio (senador pela Flórida) ou Jeb Bush (ex-governador da Flórida e irmão de George W. Bush).
Christie está sob desgaste, e as investigações podem piorar sua situação. É cedo para dizer. Muita água ainda vai passar por debaixo dessa ponte até que as coisas fiquem mais claras.